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Aperta-se o cerco a Georgieva. Houve ou não favorecimento da China?

Na audição desta quarta-feira, a diretora-geral do FMI voltou a rejeitar veementemente as acusações de que é alvo no âmbito de uma investigação externa e que diz que Georgieva exerceu "pressão indevida" sobre o staff do Banco Mundial para que procedessem a alterações num ranking de modo a beneficiar Pequim.

Reuters
07 de Outubro de 2021 às 01:02
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O conselho executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) planeia reunir-se novamente, na sexta-feira, no âmbito do escândalo que rodeia a sua líder, refere a Reuters citando uma fonte próxima das deliberações daquele organismo. E é possível que do encontro saia uma decisão quanto ao futuro de Kristalina Georgieva, a economista búlgara aos comandos do organismo há já dois anos.

 

Os 24 membros do conselho ouviram esta quarta-feira a sua diretora-geral, no âmbito das alegações de que Georgieva pressionou os funcionários do Banco Mundial, enquanto liderava aquela instituição, no sentido de alterarem dados para favorecer a China.

 

Na audição desta quarta-feira, a diretora-geral do FMI voltou a rejeitar veementemente as acusações de que é alvo no âmbito de uma investigação externa e que diz que Georgieva exerceu "pressão indevida" sobre o staff do Banco Mundial para que procedessem a alterações num ranking de modo a beneficiar Pequim.

 

De acordo com as conclusões dessa auditoria independente pedida pelo Banco Mundial, que foi levada a cabo pelo escritório de advocacia Wilmer Hale, vários altos funcionários do banco e Georgieva terão feito pressão para melhorar a classificação da China no relatório periódico "Doing Business".

 

A auditoria citou ainda "pressão direta e indireta" de funcionários seniores do gabinete do então presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, para mudar a metodologia do relatório e melhorar a pontuação da China, concluindo que tal também deverá ter acontecido sob a sua direção.

Por isso, o Grupo Banco Mundial decidiu, no passado dia 16 de setembro, encerrar a publicação daquele documento, um dos seus relatórios de referência, sobre as condições de investimento por país. A posição da China no relatório de 2018, divulgado em outubro de 2017, deveria ter ficado sete lugares abaixo – no 85.º e não no 78.º -, referiu o Banco Mundial numa revisão publicada em dezembro passado.

 

Desde que as conclusões desta auditoria foram tornadas públicas, a reputação de ambas as instituições foi bastante beliscada.


Jim Yong Kim foi presidente do Banco Mundial entre julho de 2012 e final de janeiro de 2019 (mês em que se demitiu). Georgieva, que nessa altura era a CEO do Grupo Banco Mundial (cargo que ocupava desde janeiro de 2017), foi presidente interina da instituição durante alguns meses desse ano de 2019 até a administração norte-americana ter nomeado David Malpass. Em outubro desse mesmo ano assumiu a liderança do FMI, sucedendo a Christine Lagarde - que está aos comandos para o Banco Central Europeu.

 

Além de o Fundo Monetário Internacional estar ainda a debater todas estas questões éticas, também o Departamento norte-americano do Tesouro está ainda a ponderar se os Estados Unidos – maiores acionistadas do FMI – devem solicitar a Kristalina Georgieva que se demita, declararam à Bloomberg fontes próximas do processo.

 

A deliberação do Tesouro prossegue e as fontes que falaram com a Bloomberg sobre a posição dos EUA pediram o anonimato pelo facto de este debate ser realizado à porta fechada.

 

A posição dos Estados Unidos é preponderante nesta questão, uma vez que o país tem a maior quota de direitos de voto do FMI: 16,5%.

 

"Há funcionários do FMI – organismo que emprega cerca de 2.700 pessoas – que perderam a confiança em Georgieva", declararam várias fontes à Bloomberg. Na semana passada, esta agência noticiosa dava conta de que a secretária norte-americana do Tesouro, Janet Yellen, deixou de atender o telefone a Georgieva assim que o escândalo veio a lume.

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