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Alemanha admite estímulo orçamental de 50 mil milhões numa crise
O ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, admitiu que o país tem capacidade para combater uma crise com "toda a força" e que poderá aumentar a despesa pública em 50 mil milhões de euros para contrariar o abrandamento económico.
O ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, sugeriu este domingo, 18 de agosto, que a Alemanha poderá aumentar a despesa pública em 50 mil milhões de euros num cenário de crise, atribuindo pela primeira vez um número ao possível estímulo orçamental que o governo germânico poderá implementar para combater a desaceleração da economia.
Scholz sublinhou, contudo, que essa decisão por parte do governo alemão não está iminente, ainda que os sinais de alerta, tanto internos quanto externos, estejam a colocar uma pressão adicional sobre o executivo de Merkel para considerar a suspensão da sua política de orçamentos equilibrados. Entre esses sinais de alerta estão, a nível interno, a contração do PIB no segundo trimestre e, a nível internacional, o conflito comercial entre os Estados Unidos e a China.
De acordo com a Bloomberg, o ministro das Finanças avançou o número enquanto falava sobre o endividamento extra contraído durante a crise financeira, há mais de uma década, que custou à Alemanha "50 mil milhões de euros, de acordo com as minhas estimativas", disse Scholz, numa conferência de imprensa este domingo.
"Temos de ser capazes de reunir isso [essa quantia de dinheiro], e podemos fazê-lo. São boas notícias", afirmou, acrescentando que "o maior problema é a incerteza, incluindo a provocada pela guerra comercial entre a China e os Estados Unidos".
O PIB da Alemanha contraiu 0,1% no segundo trimestre deste ano, mas o endividamento da economia deverá descer de 60,9% do PIB em 2018, para 58% em 2019, ficando abaixo do limite de 60% definido pelas regras europeias e dando por isso ao país mais margem para aumentar os gastos.
Nesse sentido, o ministro das Finanças mostrou-se confiante que a Alemanha está preparada para combater uma crise "com toda a força".
"Se temos um nível de dívida em relação ao PIB que está abaixo de 60%, essa é a força que temos para conter uma crise com toda a força", assinalou Scholz, citado pela Reuters.
As declarações do ministro das Finanças surgem dois dias depois de a revista Der Spiegel ter avançado que o governo alemão poderá estar à beira de uma espécie de revolução orçamental e abdicar, pelo menos durante um período limitado de tempo, da regra dos orçamentos equilibrados.
A chanceler alemã Angela Merkel admitiu na semana passada que a economia está "a entrar numa fase difícil" e que o seu governo reagirá "dependendo da situação". Foi a sua primeira sugestão de que poderá ser necessária uma resposta mais proativa, embora tenha sublinhado que não vê necessidade de estímulos orçamentais imediatos.