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Bundesbank alerta para perigo de recessão e Berlim prepara plano de estímulos

O banco central germânico avisa que a economia alemã pode entrar em recessão já no terceiro trimestre. Entretanto, e depois de ter sido noticiada a disponibilidade, duas fontes avançam que o governo alemão já estará a preparar medidas de estímulo orçamental para combater uma eventual recessão.

Reuters
19 de Agosto de 2019 às 13:38
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O Bundesbank juntou-se aos cada vez mais analistas que temem a possibilidade de se abrir um período recessivo ao alertar para o perigo de a economia alemã entrar em recessão já no próximo trimestre.

No mais recente relatório mensal revelado esta segunda-feira, 19 de agosto, o banco central alemão avisa que o PIB germânico pode já estar a encolher no terceiro trimestre (julho-setembro) e sinaliza a quebra registada na produção industrial como um dos principais fatores.

Após ter contraído 0,1% no segundo trimestre em relação aos primeiros três meses de 2019, uma nova contração no segundo trimestre representaria a entrada da maior economia europeia em recessão técnica.

Num ano em que o governo reforçou o investimento público, o Bundesbank sustenta que a redução que se está a verificar nos níveis de investimento por parte das empresas também está a contribuir decisivamente para atirar a economia alemã para uma recessão.

O aviso da instituição liderada por Jens Weidmann surge no mesmo dia em que a Bloomberg escreve, com base em duas fontes conhecedoras da situação, que o governo germânico já se está a preparar para responder a uma potencial recessão profunda mediante o desenho de medidas de estímulo orçamental capazes de inverter a tendência de retração.

No fim de semana, o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, sinalizou que, se necessário, o executivo germânico tem de ser capaz de mobilizar o mesmo tipo de montante de endividamento extra contraído em resposta à crise financeira internacional.

Em 2009, o governo já liderado pela chanceler Angela Merkel aprovou um pacote de estímulos ao crescimento económico de 50 mil milhões de dólares. Tal valor é equivalente a 1,5% do PIB alemão de 2018.

A Bloomberg especifica que o programa de estímulos orçamentais a ser desenhado teria como objetivo primordial potenciar a economia e consumo internos para prevenir uma situação de aumento do desemprego. A Alemanha tem atualmente uma taxa de desemprego de cerca de 3%, o que significa que está em torno do valor considerado natural.

Se os incentivos adotados em 2009 se concentravam sobretudo no fomento da compra de bens produzidos localmente tais como automóveis, desta feita o governo de aliança entre conservadores (CDU-CSU) e sociais-democratas (SPD) centra a aposta em incentivos à melhoria da eficiência energética das habitações e a aumentos no rendimento disponível através dos descontos para a segurança social.

Scholz mostra-se alinhado à chanceler Merkel, com ambos a afastarem, pelo menos por agora, a possibilidade de abdicarem da chamada política de orçamentos equilibrados, instituída em 2009 pelo então ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble (só entrou em vigor em 2011), em virtude da prossecução de medidas de reforço do investimento que implicariam aumentar o endividamento. No entanto, os dois admitem fazê-lo em caso de necessidade, mas rejeitam fazer o que quer que seja antes de se conhecer o comportamento da economia no trimestre em curso.

Também a importante federação industrial da Alemanha (BDI) já veio defender que o executivo germânico deve adotar "contramedidas robustas" para superar o clima de arrefecimento económico.

O abrandamento económico faz-se sentir em particular num contexto em que reina ainda a incerteza sobre o desfecho de dois focos desestabilizadores da economia global: a disputa comercial e aduaneira entre os Estados Unidos e a China; e o processo do Brexit numa altura em que, com a chegada ao poder do eurocético primeiro-ministro Boris Johnson, ganha força um cenário de saída sem acordo. 

Tendo em conta o facto de a economia alemã estar especialmente direcionada para o mercado exportador, as disrupções criadas nas trocas comerciais estão a penalizar o motor da Zona Euro, desde logo a produção industrial do país. 

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