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Contração leva federação industrial a pedir que Merkel abra os cordões à bolsa

A federação das indústrias alemãs (BDI) considera que é necessário que o governo alemão reforce os níveis de estímulos à economia em resposta à quebra nas trocas comerciais provocada pela disputa comercial entre os EUA e a China.

EPA
14 de Agosto de 2019 às 14:02
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A mais relevante federação industrial da Alemanha (BDI) juntou-se às vozes que pedem a Angela Merkel que abra os cordões à bolsa, desta feita não necessariamente para promover a convergência no seio da Zona Euro, mas para conter os efeitos que a disputa comercial entre os Estados Unidos e a China representa para a economia germânica, que contraiu no segundo trimestre deste ano.

Esta quarta-feira, 14 de agosto, o secretário-geral da BDI, Joachim Lang, defendeu que os "meses sombrios que se avizinham podem ser anos a menos que o governo [alemão] adote contramedidas robustas".

Citado pelas agências de notícias, Lang considera que o executivo chefiado pela chanceler Merkel foi apanhado "desprevenido" pela contração de 0,1% no segundo trimestre face aos primeiros três meses do ano e defende que Berlim tem de atuar rapidamente e passar do modo poupança para o modo investimento.

Mesmo não se tratando ainda da entrada em recessão técnica (que acontece quando há contração em dois trimestres em cadeia), Joachim Lang acredita que se o governo federal não mudar de estratégia será esse o destino da economia.

"Os políticos precisam assegurar rápidos e fortes impulsos ao investimento público e privado. Depois de uma década economicamente forte com um elevado nível de emprego e orçamentos públicos solidamente financiados, a Alemanha tem espaço de manobra", acrescentou lembrando que, atualmente, o país beneficia de juros negativos em todas as maturidades no mercado secundário de dívida.

O líder da BDI faz assim referência aos excedentes orçamentais que a Alemanha vem acumulando nos últimos anos e que levou vozes como a do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, a defender que Berlim devia desapertar o cinto.

De acordo com o instituto oficial de estatísticas da Alemanha, para a contração do PIB germânico no segundo trimestre contribuiu o enfraquecimento do setor exportador, o principal motor da economia germânica, o que acaba por se repercutir no abrandamento da produção industrial do país.

As exportações recuaram a um ritmo mais rápido do que as importações, o que contribuiu para piorar o tradicionalmente positivo saldo comercial positivo. Ainda assim, no segundo trimestre as despesas do Estado aumentaram assim como o investimento público.

A tensão comercial EUA-China é o fator que mais contribui para a quebra registada na produção industrial alemã, mas também no conjunto da moeda única, que encolheu 2,6% em junho comparativamente com igual período do ano passado.

Para já, são contraditórios os sinais vindos do governo de coligação entre os conservadores de Merkel (aliança entre a CDu e os bávaros da CSU) e o SPD.

Esta terça-feira, Merkel reconheceu o momento "difícil" que a economia atravessa, o que poderá levar à adoção de novas medidas mediante o comportamento do produto no terceiro trimestre. Ou seja, a chanceler admite tomar medidas, mas ainda não agora.

Já o ministro alemão das Finanças e membro do partido júnior da coligação governativa, Olaf Scholz, defendia, no final de julho, que apesar dos riscos colocados pela possibilidade de um Brexit sem acordo e pela tensão comercial o executivo germânico não tem planos para estimular a economia.

"Não estamos numa situação que torne [os estímulos] necessários", disse ao canal televisivo da Bloomberg acrescentando que "não seria inteligente agir como se estivéssemos em crise". Se a Alemanha adotar uma verdadeira política económica expansionista, será um marco relevante num país focado há décadas em gerar poupanças.

As estimativas apontam para que o produto alemão cresça 0,6% em 2019.

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