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A vida de Mário Soares em imagens

Nasceu no ano da morte de Lenine. Fazer uma viagem pela sua vida é viajar pela história da democracia portuguesa.

07 de Janeiro de 2017 às 16:00
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1924 - Mário Alberto Nobre Lopes Soares, de seu nome completo, nasce em Lisboa em 7 de Dezembro do ano da morte de Lenine e do nascimento do surrealismo. É o segundo filho de um antigo sacerdote e ex-ministro das Colónias na Primeira República, João Lopes Soares, natural de Leiria; e de Elisa Nobre Baptista, professora da instrução primária, de Santarém. 


1943 - Por influência de Álvaro Cunhal, que chegou a ser regente de estudos no Colégio Moderno fundado pelo pai, adere aos 19 anos ao Movimento de Unidade Nacional Antifascista (MUNAF), estrutura ligada ao Partido Comunista Português, e integra a partir de 1946 a Comissão Central do MUD (Movimento de Unidade Democrática).


1949 - É secretário da Comissão Central da Candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República, nas eleições de 13 de Fevereiro. Dias depois, em 22 do mesmo mês, casa com Maria Barroso por procuração – está preso.



1955- Afastado do PCP, funda a Resistência Republicana e Socialista, reunindo outros elementos vindos do PCP e da União Socialista.


1957 - Conclui a licenciatura em Direito depois de, em 1951, ter concluído Ciências Histórico-Filosóficas, ambas na Universidade de Lisboa. Dá aulas no colégio do pai

1958 - Integra a comissão da candidatura de Humberto Delgado e acaba por representar a família do General na investigação do seu assassinato. Como advogado defensor de presos políticos, participou em vários julgamentos, no Tribunal Plenário e no Tribunal Militar Especial.

1968 – Depois de ter sido preso 12 vezes, cumprindo um total de cerca de três anos de cadeia, é deportado sem julgamento para a ilha de São Tomé.

1970 – O governo de Marcello Caetano permite-lhe o exílio em França, onde dá aulas e pede apoio à maçonaria para a luta política contra o Estado Novo.


1973- No Congresso realizado em BadMünstereifel, na Alemanha, a Acção Socialista Portuguesa, que co-fundara em 1964, transforma-se em Partido Socialista, e Mário Soares é eleito Secretário-Geral, sendo sucessivamente reeleito ao longo de quase treze anos. Como Secretário-Geral do PS, participou em todas as campanhas eleitorais, tendo sido deputado por Lisboa em todas as legislaturas, até 1986. 

1974 – Em 28 de Abril, três dias depois do golpe de Estado de 25 de Abril, regressa a Lisboa. Dois dias depois, esteve presente na chegada à capital de Álvaro Cunhal. Ainda que tivessem ideias políticas diferentes, subiram de braços dados, pela primeira e última vez, as ruas da Baixa e a Avenida da Liberdade. Discursa ao lado de Cunhal no 1º de Maio.


1975 - Durante o período revolucionário conhecido como PREC, foi o principal líder civil do campo democrático, tendo conduzido o Partido Socialista à vitória nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975. Em 6 de Novembro desse ano, realiza-se o famoso debate televisivo, que durou três horas e quarenta minutos, em que acusou Cunhal de querer "transformar este país numa ditadura", ao que o líder do PCP responde "olhe que não, olhe que não".


1976 – Depois de ter sido ministro dos Negócios Estrangeiros (durante dez meses) foi primeiro-ministro três vezes, no I Governo Constitucional (entre 1976 e 1977), no II Governo Constitucional (em 1978) e no IX Governo Constitucional (entre 1983 e 1985, na foto).


1984 – Com o FMI em Portugal pela segunda vez (a primeira intervenção externa foi em 1977), Soares diz que "os problemas económicos em Portugal são fáceis de explicar e a única coisa a fazer é apertar o cinto", porque o país se "habituara a viver, demasiado tempo, acima dos seus meios e recursos".


1985 – Em 12 de Julho assina, como primeiro-ministro, no Mosteiro dos Jerónimos, o Tratado de Adesão à então Comunidade Económica Europeia. A entrada de Portugal, ao lado de Espanha, ocorre em 1 de Janeiro do ano seguinte.


1986 – Vence a primeira eleição para a Presidência da República com o slogan "Soares é fixe", tornando-se no primeiro Presidente civil eleito directamente pelo povo na história portuguesa. Em 1991, foi reeleito à primeira volta (tomada de posse, na foto), permanecendo no cargo até Março de 1996. A primeira campanha fica marcada por uma agressão na Marinha Grande, reduto comunista. As imagens televisivas do incidente indignam o país e conferem um impulso decisivo a Soares que começou por surgir nas sondagens com menos de 10% das intenções de voto.


1989 - No ano da queda do muro de Berlim, Soares viabiliza a segunda revisão constitucional, permitindo, nomeadamente, a total privatização do sector estadual da economia, uma das chamadas conquistas revolucionárias, resultantes do processo de nacionalizações do 11 de Março de 1975. A revisão foi precedida por um acordo entre o PS e o PSD anunciado com o objectivo de criar melhores condições para enfrentar os desafios da plena integração de Portugal nas Comunidades Europeias.



1993 -
"Ó Sr. guarda, desapareça!". Em plena presidência aberta, Mário Soares protagoniza novo episódio que faz correr muita tinta.



1995 -  Em Outubro, António Guterres assume a chefia do governo. Termina uma longa e tensa co-habitação de Mário Soares e de Aníbal Cavaco Silva, líder do PSD, que chefiara o governo ao longo de dez anos, e que anuncia então a sua candidatura à presidência da República, contra a do socialista Jorge Sampaio. A segunda maioria absoluta de Cavaco foi marcada pelo desgaste das relações entre o primeiro-ministro e o Presidente da República. Em 1993,  vários jornais escreviam sobre a eventualidade de eleições antecipadas. Tal não chegou a acontecer, mas ficaram célebres as queixas de Cavaco em relação a Soares. "As forças de bloqueio ao Governo têm um rosto". Dos primeiros anos mais pacíficos ficaram fotos como esta, tirada em 1990, no Coliseu dos Recreios, por ocasião do 50.º aniversário de Amália. 

 

 

1996 - Rui Mateus, que entre 1976 e 1996 fora membro da Comissão Nacional e para o Secretariado Nacional do PS assumindo a responsabilidade pelas Relações Internacionais, publica, pela Dom Quixote, "Contos proibidos – Memórias de um PS desconhecido" onde faz acusações graves à conduta de Mário Soares, designadamente em negócios com Macau. O livro saiu rapidamente de circulação, o seu autor está nos Estados Unidos, mas é possível aceder ao texto aqui


1999 -
  Mário Soares é o cabeça-de-lista do PS às eleições europeias e depois candidato a presidente do Parlamento Europeu, eleição que perde para a francesa Nicole Fontaine, que acusa de ter "um discurso de dona de casa". A ambição de desempenhar um cargo importante na política internacional morre aí e Soares anuncia que se retirará da vida política activa. 

2005 - Surpreende o país ao aceitar disputar, pela terceira vez, a Presidência da República. Tinha 81 anos, e queria impedir que José Sócrates, então secretário-geral do PS, tivesse de apoiar a candidatura independente de Manuel Alegre, histórico socialista em rota de colisão com a nova liderança do partido. Recebe apenas 14% dos votos, ficando atrás da candidatura (que acabou por não ter apoio partidário) de Alegre. As eleições foram vencidas com maioria absoluta, à primeira volta, por Aníbal Cavaco Silva. 


2010 – "Vai chamar pai a outro", responde, parafraseando Vasco Santana, quando Ricardo Araújo Pereira lhe pergunta se se considera o pai da democracia portuguesa.





2011- Lança mais um livro "Um político assume-se - Ensaio político e ideológico". Em entrevista à TVI, diz: "Eu não sou um herói, mas realmente não sou dos mais medrosos. Podiam ter-me acontecido coisas muito desagradáveis, mas saí-me bem nas coisas que fiz".

Após José Sócrates ter pedido a intervenção da troika e com o parlamento dissolvido, o 37.º aniversário do 25 de Abril é assinalado com uma cerimónia inédita no Palácio de Belém, que junta os quatro Presidentes da República eleitos pós-revolução: Cavaco Silva, Jorge Sampaio, Mário Soares e Ramalho Eanes. 



2013- "Conversas de Soares" regressam à grelha de programas da RTP. O ex-presidente conduz entrevistas a Dalai Lama, Mikail Gorbachev, Shimmon Peres, Vaclav Havel e Hugo Chavez, entre muitos outros.





2013 – Em Novembro, em plena aplicação do programa da troika, Soares reúne as "esquerdas" na Aula Magna para reclamar a demissão do governo de Passos Coelho mas também a de Cavaco Silva, avisando que "a austeridade está na origem de todos os males" e que "a violência está à porta".




2014 – Em 26 de Novembro, Soares visita José Sócrates na prisão de Évora e diz que o ex-primeiro-ministro está a ser "vítima de um caso político" e que "todo o PS está contra esta bandalheira".


2016 – Em Julho, o governo de António Costa organiza-lhe uma homenagem por ocasião dos 40 anos do I Governo Constitucional. Soares assistiu ao acto sentado num cadeirão, rodeado pelos filhos, Isabel e João Soares, e por bisnetos.


7 de Janeiro de 2017O antigo Presidente da República Mário Soares morreu aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha.

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