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Memorando compromete Azeredo Lopes no encobrimento de Tancos

Documento entregue pelo ex-chefe de gabinete do ex-ministro Azeredo Lopes compromete o Ministério da Defesa, numa descrição detalhada da operação de encobrimento do regaste das armas roubadas em Tancos.

Azeredo Lopes: "A comunicação social está especialmente frágil"
Azeredo Lopes, ex-ministro da Defesa.
20 de Outubro de 2018 às 13:45
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O semanário "Expresso" deste sábado, 20 de Outubro, revela o polémico memorando sobre Tancos que compromete o Ministério da Defesa.

 

O documento, entregue ao Ministério Público pelo tenente-coronel Martins Pereira, ex-chefe de gabinete do ex-ministro Azeredo Lopes, descreve a operação de encobrimento do resgaste das armas roubadas.

 

Resta saber se Martins Pereira vai mesmo confirmar ter informado Azeredo Lopes do que se tinha passado em Tancos. O ex-ministro da Defesa sempre negou ter tido conhecimento desta operação clandestina.

 

Os documentos entregues por Martins Pereira coincidem, de resto, com os que foram apresentados na passada terça-feira pelo major Vasco Brazão ao Departamento Central de Investigação e Acção Penas (DCIAP).

 

No memorando publicado pelo "Expresso" é relatado que "o major Pinto da Costa [investigador da Polícia Judiciária Militar] passa para o major Vasco Brazão o informador [João Paulino] que tem conhecimento do que se passou em Tancos", sendo que "este informador diz que a PJ sabe desde o início que um seu informador de alcunha ‘Fechaduras’, vive em Albufeira – é pago pela PJ há já muitos anos – e que esteve envolvido no assalto".

 

De acordo com o documento, a PJ foi então ao Algarve, "não permitindo que a PJM os acompanhe".  Pressionado pela PJ, o informador "dá o nome de quem o contratou e quem o contratou esteve na véspera e no dia do assalto e sabe onde está o material".

 

Vigiado "24 sobre 24 horas perla PJ", o "Fechaduras" vai "a Olhão e a PJ de Olhão recolhe da Política Marítima um saco com explosivos iguais aos de Tancos. Este material é militar, apesar de não ser de Tancos", ressalva o documento, onde é garantido que "nunca a PJM foi informada, nem nunca saíram quaisquer notícias".

 

Mais à frente, é relatado que "o informador da PJM diz que terá de ser feita uma chamada anónima da margem Sul de um local que possa ser identificado. O major Brazão dá ordem a um militar seu para às três horas da manhã fazer uma chamada para o piquete que, nesse dia, era o próprio Brazão", lê-se.

 

É então contactado "o coronel Estalagem", que é informado "da ocorrência, nunca referindo ser material de Trancos".

 

De seguida, "o major Pinto da Costa vai ao local e liga para o piquete a dizer que há várias caixas e que umas parecem ser granadas". Com "receio" que "Pinto da Costa comece a fazer diligências e colocasse a PJ no local", o major Brazão "informa o director-geral da PMJ do ‘contrato’ com o informador".

 

Conta-se no documento que "era preciso travar o major Pinto da Costa", e este, "sendo mais antigo que o major Brazão era fundamental o director-geral ir para o terreno e fazer o material entrar em quartéis sem demora, visto que assim que se apercebessem que podia ser de Tancos, o coronel Estalagem de imediato informaria o director do UNCT [Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo] e a sua família corria riscos".

 

"Quando o major Brazão chega ao local acompanhado pelo director-geral da PJM pensa que o que está ali são apenas granadas e as outras caixas estarão vazias e serão apenas uma prova para a PJM manter o acordo. É preciso a todo o custo manter o acordo", remata o documento revelado pelo "Expresso".

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