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Tancos: Aprovada comissão de inquérito por maioria, PCP e PEV abstiveram-se

A comissão de inquérito ao furto de armas nos paióis de Tancos, em 2017, foi hoje aprovada por larga maioria no parlamento.

Foi uma das operações mais mediáticas porque estavam em causa questões de segurança de material militar e havia toda uma vertente política, que envolvia o próprio ministro da Defesa numa dimensão de responsabilidade política. O Ministério Público explicou que estavam em causa, entre outras, suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional, e meteu mãos à obra, abrindo um processo para investigar o destino dado às armas desaparecidas e contando com a coadjuvação da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária, com colaboração institucional da Polícia Judiciária Militar. O caso abalou o Exército e o próprio Governo e, surpreendentemente, as armas foram recuperadas na sequência de um telefonema anónimo: apareceram em Outubro num campo aberto a 21 quilómetros de onde tinha sido furtado três meses e meio antes. Faltavam munições de 9 mm, mas estavam a mais 200 petardos, de quem ninguém tinha dado falta. Houve baixas na hierarquia do exército e os autores do furto continuam por identificar.
José Neves
26 de Outubro de 2018 às 12:53
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Na votação, apenas as bancadas do PCP e do PEV se abstiveram. O Bloco de Esquerda, que anunciara não se opor à comissão parlamentar de inquérito, optou por votar a favor. 

 

Em declarações aos jornalistas após as votações, o líder parlamentar do BE justificou o voto favorável com as "mudanças na tutela" da Defesa que entretanto ocorreram.

 

Para o BE, o anterior ministro, Azeredo Lopes, deveria ter manifestado disponibilidade para esclarecer no parlamento, como o Bloco de Esquerda defendeu, "as implicações que lhe estão imputadas".

 

"Desse ponto de vista, a comissão de inquérito pode trazer essa personalidade em particular", disse, acrescentando que divulgará no início da próxima semana a lista de personalidades que o BE quer chamar.

 

Questionado sobre se o BE quer ouvir o primeiro-ministro, António Costa, na comissão de inquérito, Pedro Filipe Soares disse que não tem "nenhum tabu" sobre personalidades a chamar, ressalvando que o primeiro-ministro tem a prerrogativa de responder por escrito.

 

"A exemplo do passado não estaremos contra de nenhuma proposta de nenhum grupo parlamentar. Os primeiros-ministros têm a prerrogativa de responder por escrito, algo que já foi utilizado por diversos em anteriores comissões, por nós não há nenhum problema", disse.

 

O deputado socialista Filipe Neto Brandão vai presidir à comissão de inquérito.

 

Apesar de ter sido aprovada, o âmbito das investigações a realizar pelos deputados dividiu na quarta-feira as bancadas entre direita e esquerda, com PS, PCP e Verdes a defenderem que também se deve averiguar o que se passou no passado, antes do roubo de material militar a base de Tancos.

 

A proposta de criação de uma comissão parlamentar de inquérito foi anunciada em Setembro, após terem sido noticiadas as detenções de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR, na sequência da investigação à recuperação de armamento.

 

O furto do armamento dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de Junho de 2017, e, quatro meses depois, foi recuperada parte das armas.

 

Em Setembro, a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR.

 

Na mesma altura, foi noticiada uma operação de encenação e encobrimento na operação, alegadamente organizada por elementos da Polícia Judiciária Militar, que dela terão dado conhecimento ao chefe de gabinete do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que se demitiu e foi substituído por João Gomes Cravinho.

 

Na semana passada, o então Chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, demitiu-se, tendo sido já substituído pelo general José Nunes da Fonseca.

 

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