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Sindika Dokolo promete participar no "enriquecimento da vida cultural" do Porto

O patrono da Fundação Sindika Dokolo quer participar no "enriquecimento da vida cultural" do Porto, com a aquisição da Casa Manoel de Oliveira e "vários outros projectos" em agenda para a cidade portuguesa.

14 de Fevereiro de 2016 às 16:52
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Em declarações exclusivas à agência Lusa, em Luanda (Angola), Sindika Dokolo, coleccionador de arte e casado com Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, explicou que a aquisição à autarquia da Casa Manoel de Oliveira, por 1,58 milhões de euros, vai permitir constituir "uma ligação forte, íntima, pessoal e humana" entre Angola e o Porto.

"Queríamos fazer ao mesmo tempo uma presença angolana no Porto, mas que seja também uma ponte e um sítio de troca, de encontro, com base numa relação virada para o futuro, construtiva. Eu, pessoalmente, estou muito entusiasmado com o que esse instrumento vai permitir entre Angola e o resto do mundo", reconheceu o patrono da fundação, que no sábado se reuniu em Luanda com o autarca do Porto, Rui Moreira.

Sindika Dokolo assumiu o "potencial extraordinário" do Porto e a associação que pretende estabelecer com a cidade, através da Casa Manoel de Oliveira, que será a sede da instituição para a Europa, mas também de "vários outros projectos", nomeadamente uma parceria com a Casa da Música.

"Gostaríamos de participar de maneira proactiva nesse enriquecimento da vida cultural do Porto", afirmou.

Sobre as novas funcionalidades na Casa Manoel de Oliveira, Sindika Dokolo explicou que equipas técnicas estão já a avaliar a necessidade de intervenção e reabilitação no imóvel, pelo que a abertura do espaço "vai depender da rapidez de execução das empresas de construção do Porto".

Exposições sobre a arte Tchokwe - povo originário do interior norte de Angola e sul da República Democrática do Congo -, cuja recuperação está a ser levada a cabo pela Fundação Sindika Dokolo, serão um dos destaques do edifício do Porto.

Várias peças de arte Tchokwe foram levadas de Angola durante a guerra civil entre 1975 e 2002, estando aquela fundação a liderar o processo para as fazer regressar ao país, negociando com coleccionadores privados.

Durante a visita do autarca Rui Moreira a Luanda foi ainda acordado que a fundação Sindika Dokolo terá acesso ao arquivo histórico e documental sobre a arte e povo Tchokwe, que está na posse da Câmara do Porto.

"Vai-nos permitir recolher informação, disponibilizá-la a professores e universidades angolanas e criar um banco de dados na internet para que os coleccionadores que suspeitam da origem de obras no seu poder possam verificar se pertencem aos museus nacionais angolanos", concluiu o patrono da fundação.

Para o presidente da Câmara do Porto, os recentes entendimentos com a Fundação Sindika Dokolo são um exemplo da retoma da geminação entre os dois municípios, estabelecida há duas décadas.

O autarca Rui Moreira falava à agência Lusa ao concluir uma visita de dois dias a Luanda, capital de Angola, a convite daquela fundação. "Temos uma fundação angolana que resolve apostar pela primeira vez fora de Luanda, que o faz no Porto, que adquire - não foi oferecido - um edifício que para nós tem grande significado (...) para instalar lá uma fundação. Que melhor forma de retomarmos estes vínculos que temos", admitiu Rui Moreira.

Em Julho de 2015, de visita a Luanda, o autarca tinha já admitido a necessidade de apostar na vertente cultural para promover as relações entre as duas cidades, cuja geminação foi estabelecida há 20 anos, mas que ficou estagnada.

"Esta relação com a Fundação Sindika Dokolo é o melhor exemplo de uma cooperação profícua", assume o presidente da Câmara do Porto.

Durante a visita a Luanda, o autarca reuniu-se com o patrono da fundação, Sindika Dokolo, e também com o novo governador da província de Luanda, Higino Carneiro.

A Casa Manoel de Oliveira foi lançada em 1998, sem que tivesse sido formalizado um acordo com o realizador para o uso da casa, o que acabaria por condicionar o futuro do imóvel que ficou concluído em 2003, mas que nunca teve o uso para que foi pensado.

Segundo o autarca Rui Moreira, já decorrem reuniões entre a câmara, o arquitectura Souto Moura, autor do projecto, e a fundação para definir um plano de reabilitação do imóvel. "O arquitecto Souto Moura está entusiasmado com esta reabilitação, isto vai passar por uma residência em que a arte Tchokwe vai ser o primeiro projecto. Portanto é coisa para começar muito brevemente", admitiu Rui Moreira.

O intercâmbio de residências artísticas e exposições culturais, entre Luanda e Porto, é um dos aspectos a ter em conta na revisão do protocolo de geminação, para impulsionar o relacionamento bilateral, reconheceu anteriormente o autarca portuense.

A colecção de arte da Fundação Sindika Dokolo, criada em 2003, em Luanda, é composta por mais de 3.000 obras, entre pinturas, gravuras, fotografias, vídeos e instalações, da autoria de 90 artistas de 25 países.

Em 2015, aquela fundação promoveu no Porto a exposição "You Love Me, You Love Me Not", uma das mais importantes da arte contemporânea na Europa.

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