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Christie’s continua interessada em leiloar quadros de Miró mesmo após polémica
Depois das críticas de Passos Coelho e das sociedades que gerem activos do BPN, a Christie’s afirmou que está preparada para arranjar compradores para as 85 obras de Joan Miró. Mas, primeiro, espera que as questões judiciais fiquem resolvidas, já que essa foi a causa invocada para cancelar o leilão marcado para esta semana.
A Christie’s assume-se interessada em vender os quadros de Joan Miró, mesmo depois de ter cancelado os leilões marcados para dias 4 e 5 de Fevereiro para esse mesmo fim.
“A Christie’s continua preparada para apoiar uma futura venda, a partir do momento em que essas diferenças [judiciais] ficarem resolvidas”, apontou o porta-voz da leiloeira, Matthew Patton, por e-mail, em respostas a perguntas do Negócios.
Inicialmente, e desde Dezembro, o leilão promovido pela Christie’s de 85 obras de Miró estava marcado para 4 e 5 de Fevereiro. Contudo, a poucos dias do evento, começaram a surgir críticas ao processo que levou as obras para fora do país. A questão levou a uma providência cautelar, cuja resposta do tribunal administrativo do círculo de Lisboa apontou para falhas no cumprimento dos requisitos legais para a exportação de obras de arte. Essas “incertezas legais” foram os motivos avançados pela leiloeira para cancelar a operação.
Antes destas respostas da Christie’s, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho havia atirado farpas à leiloeira, por considerar que ela era a responsável por assegurar que tudo cumprisse o estipulado, incluindo a exportação das peças.
“É inequívoco. O processo foi adjudicado à leiloeira em termos que são considerados chave na mão. Ficou com a responsabilidade de tratar de tudo: o pedido de exportação das obras, os seguros necessários para a exportação, de encontrar uma empresa responsável para transporte”, indicou Passos Coelho aos jornalistas, em resposta a uma pergunta sobre o responsável pelos problemas que ocorreram neste processo.
Segundo o primeiro-ministro, a intenção do Governo é a de manter a venda. As obras virão para Portugal para “futura exportação”, afirmou.
A Parvalorem e a Parups também sublinharam, em comunicado enviado às redacções, que o modelo de contrato escolhido "responsabiliza a leiloeira por todas as operações até à realização do leilão e, designadamente, 'requerer e obter todas as licenças e autorizações necessárias, (…) nomeadamente no que diz respeito à exportação para venda'". A Christie's não faz mais comentários sobre o processo para além do comunicado emitido para anunciar o cancelamento do leilão.
As obras foram parar às mãos destas duas sociedades com a nacionalização do BPN, num processo que envolve um crédito incobrável. A leiloeira atribuía um preço mínimo de licitação de 36 milhões de euros, que serviria para abater a dívida do BPN.