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Christie’s continua interessada em leiloar quadros de Miró mesmo após polémica

Depois das críticas de Passos Coelho e das sociedades que gerem activos do BPN, a Christie’s afirmou que está preparada para arranjar compradores para as 85 obras de Joan Miró. Mas, primeiro, espera que as questões judiciais fiquem resolvidas, já que essa foi a causa invocada para cancelar o leilão marcado para esta semana.

Bloomberg
05 de Fevereiro de 2014 às 22:01
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A Christie’s assume-se interessada em vender os quadros de Joan Miró, mesmo depois de ter cancelado os leilões marcados para dias 4 e 5 de Fevereiro para esse mesmo fim.

 

“A Christie’s continua preparada para apoiar uma futura venda, a partir do momento em que essas diferenças [judiciais] ficarem resolvidas”, apontou o porta-voz da leiloeira, Matthew Patton, por e-mail, em respostas a perguntas do Negócios.

 

Inicialmente, e desde Dezembro, o leilão promovido pela Christie’s de 85 obras de Miró estava marcado para 4 e 5 de Fevereiro. Contudo, a poucos dias do evento, começaram a surgir críticas ao processo que levou as obras para fora do país. A questão levou a uma providência cautelar, cuja resposta do tribunal administrativo do círculo de Lisboa apontou para falhas no cumprimento dos requisitos legais para a exportação de obras de arte. Essas “incertezas legais” foram os motivos avançados pela leiloeira para cancelar a operação. 

 

Antes destas respostas da Christie’s, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho havia atirado farpas à leiloeira, por considerar que ela era a responsável por assegurar que tudo cumprisse o estipulado, incluindo a exportação das peças.

 

“É inequívoco. O processo foi adjudicado à leiloeira em termos que são considerados chave na mão. Ficou com a responsabilidade de tratar de tudo: o pedido de exportação das obras, os seguros necessários para a exportação, de encontrar uma empresa responsável para transporte”, indicou Passos Coelho aos jornalistas, em resposta a uma pergunta sobre o responsável pelos problemas que ocorreram neste processo.

 

Segundo o primeiro-ministro, a intenção do Governo é a de manter a venda. As obras virão para Portugal para “futura exportação”, afirmou.

 

A Parvalorem e a Parups também sublinharam, em comunicado enviado às redacções, que o modelo de contrato escolhido "responsabiliza a leiloeira por todas as operações até à realização do leilão e, designadamente, 'requerer e obter todas as licenças e autorizações necessárias, (…) nomeadamente no que diz respeito à exportação para venda'". A Christie's não faz mais comentários sobre o processo para além do comunicado emitido para anunciar o cancelamento do leilão.

 

As obras foram parar às mãos destas duas sociedades com a nacionalização do BPN, num processo que envolve um crédito incobrável. A leiloeira atribuía um preço mínimo de licitação de 36 milhões de euros, que serviria para abater a dívida do BPN.

 

 
Temas de Miró vão das mulheres aos pássaros
A tela de Joan Miró começou a ser preenchida há décadas. É do domínio público desde 2008. Mas só em 2014 causou forte polémica. Tudo pintado em 85 peças de arte, que seriam vendidas estas terça e quarta-feira. Não aconteceu. Por agora, vão permanecer nas mãos do Estado. Até quando, não se sabe.
 
O que se sabe é que a Christie's considera que esta colecção é "uma das mais extensas e impressionantes ofertas do trabalho deste artista que alguma vez foi a leilão". Para a elaboração destas obras foi utilizada "uma ampla gama de materiais e técnicas". Em causa estão vários temas: "Desde a poesia e os sonhos à música e às estrelas, mulheres e pássaros".
 
A colecção foi adquirida pelo BPN em 2006. Passou para o Estado dois anos depois, com a nacionalização da instituição. O Governo quer, agora, alienar este activo para reduzir o passivo do que restou do banco.  

 

 

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