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"Vemos um maior número de internamentos na população jovem"
Em comparação com a vaga do outono, e tendo em conta o número de casos, há menos pessoas internadas acima dos 50 anos, mas mais pessoas internadas abaixo dessa idade, onde a incidência da vacina é menor. A culpa pode ser da variante delta, mais agressiva.
A pandemia está a gerar proporcionalmente mais internados nas faixas dos 30 aos 39 anos e dos 40 aos 49 anos do que no outono, concluiu Ana Paula Rodrigues, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, durante a conferência sobre a situação epidemiológica do país, na reunião da Infarmed
"Apesar das incidências serem semelhantes nestes grupos nesta onda e no outono temos mais internados do que o que seria de esperar se o comportamento fosse o mesmo", tanto na faixa dos 30 aos 39 anos como na dos 40 aos 49 anos.
"Isto pode justificar-se pela circulação da variante delta na população.Embora não havendo consenso há dados que apontam para maior gravidade da infeção", disse a especialista,
"Um padrão semelhante é observado nos cuidados intensivos, com uma redução substancial nos internamentos abaixo [grupo] dos 50 anos e um aumento em relação ao outono nos grupos entre os 20 e os 49 anos".
Quanto à letalidade, "há um decréscimo importante", embora nas pessoas com idade mais avançada, pela sua fragilidade, o risco é ainda "substancial" e justifica "medidas específicas nestes grupos".
Os dados têm em conta quer os vacinados quer os não vacinados, e é neste segundo grupo que a incidência é maior.
"Menos internamentos no grupo com maior cobertura vacinal é um indicador positivo e que nos mostra que há uma redução quer do risco de infeção quer do risco de doença grave, mas temos aqui este sinal de alguma precaução que deve ser tido em conta na avaliação de risco, do aumento do número de internamentos em adultos jovens em relação ao número de casos", sintetizou.
Há redução "importante" da letalidade justificada pela vacinação mas "no entanto tendo em conta esta tendência crescente da incidência dos grupos mais velhos é esperado um impacto da mortalidade, embora este não venha a ter a magnitude que se observou em todas as situações passadas".
"Há necessidade de medidas farmacológicas até um maior nível de vacinação da população para reduzirmos o risco nos grupos não vacinados", disse Ana Paula Rodrigues.