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Contenção antecipada num Natal que ainda não vai ser “normal”
O maior risco de transmissão associado à variante ómicron levou o Governo a antecipar a aplicação de medidas restritivas. Entre 25 de dezembro e 9 de janeiro, o teletrabalho volta a ser obrigatório e não haverá discotecas.
Perante um “inimigo invisível”, é “mais difícil fazer pontaria”. A variante ómicron trocou as voltas ao Governo e obrigou o primeiro-ministro, António Costa, a antecipar o anúncio da semana de contenção, inicialmente prevista para depois da passagem de ano. “Este ainda não é o novo Natal normal das nossas vidas”, constatou o chefe do Governo, antes de desfiar o novo conjunto de obrigações e recomendações que os portugueses terão de cumprir já a partir de 24 de dezembro.
“Mais teletrabalho, mais limitação nos contactos, mais uma semana de contenção e mais apoios às famílias e às empresas”, resumiu o primeiro-ministro. Apesar do “maior controlo da pandemia por via da vacinação”, a variante ómicron provou ser “muitíssimo mais transmissível” do que a delta, pelo que “o risco de transmissão é bastante maior”. Assim, decidiu o Conselho de Ministros extraordinário, o teletrabalho passará a ser obrigatório já a partir da meia-noite de 25 de dezembro e vai prolongar-se até 9 de janeiro.
A par com o trabalho remoto, será antecipado também o encerramento das creches e dos ATL e o apoio extraordinário à família, que permite que os pais tenham falta justificada mantendo pelo menos uma parte do salário.
O esforço de contenção natalício pedido pelo Executivo passa ainda pelo encerramento das discotecas e bares durante o mesmo período, “uma medida necessária para controlar uma atividade onde o convívio traz riscos acrescidos”. Para compensar mais um período de portas fechadas, estas empresas terão acesso ao lay-off simplificado, bem como às ajudas previstas no quadro do programa Apoiar, relativas aos custos fixos .
O Governo decidiu ainda aumentar o número de testes mensais gratuitos de quatro para seis por pessoa. A apresentação de teste negativo será obrigatória para entrar em hotéis e todo o tipo de eventos durante as duas semanas de contenção, e ainda para frequentar restaurantes e festas de passagem de ano nas vésperas e nos dois dias festivos. “Testagem não é castigo, é uma garantia de que não corremos o risco de contaminar involuntariamente o nosso semelhante”, ressalvou Costa.
Nas vésperas do início da campanha eleitoral para as legislativas, Costa apelou ainda aos partidos para que tenham o “bom senso ajustar campanha à realidade”.
Quanto à evolução das restrições, não deixou promessas. A 5 de janeiro será feita uma nova avaliação da situação epidemiológica com os peritos, para que seja possível “chegar a um janeiro de 2022 muito melhor do que foi janeiro de 2021”. O alívio das medidas e regresso ao normal “não é uma questão de fé, é uma questão de ser realista”, reiterou o primeiro-ministro.
O Negócios quis saber mais detalhes sobre os apoios a empresas e a famílias, mas não obteve resposta do Ministério do Trabalho até ao fecho desta edição.