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FMI melhora perspectivas de crescimento para 2018 e 2019

A instituição liderada por Christine Lagarde revê em alta as projecções económicas mundiais, com destaque para o contributo da Zona Euro e da reforma fiscal nos Estados Unidos, mas alerta que este "não é o novo normal".

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22 de Janeiro de 2018 às 14:14
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia mundial terá crescido 3,7% em 2017, uma percentagem que fica 0,1 pontos percentuais acima das anteriores projecções realizadas em Outubro devido a "notáveis surpresas na Europa e na Ásia". E que, a confirmar-se, representa um acréscimo de meio ponto percentual em relação ao ano anterior.

 

Além da actualização referente ao ano que acaba de terminar, a instituição liderada por Christine Lagarde revê também em alta – 0,2 pontos percentuais a mais – o crescimento da economia global em 2018 e 2019. Fixa-o em 3,9% neste ano e também no próximo, puxado sobretudo pelo comportamento das economias avançadas, como os EUA, a Alemanha ou a China, nas quais é esperado um crescimento acima de 2% para ambos os períodos.

Esta actualização intercalar não fornece dados para a economia portuguesa – isola apenas as quatro maiores da Zona Euro (Alemanha, França, Itália e Espanha) –, mas mostra que para o conjunto dos países da moeda única, que no ano passado terão crescido 2,4%, houve uma aceleração de 0,3 pontos face às últimas estimativas, projectando-se agora um crescimento de 2,2% em 2018 e de 2% em 2019.

 

"Estas são boas notícias. Mas os líderes políticos devem manter-se conscientes de que o actual impulso económico reflecte uma confluência de factores que é improvável que dure muito tempo. A crise financeira global pode parecer que foi deixada para trás, mas sem uma acção imediata para atacar os impedimentos estruturais do crescimento, torná-lo mais inclusivo e criar amortizadores de política e resiliência, a próxima recessão chegará mais cedo e será mais difícil de combater", avisou Maurice Obstfeld, conselheiro económico e director da área de "research" do FMI.

 

 

Neste "World Economic Outlook Update", que é divulgado na véspera do arranque do Fórum de Davos, o FMI sublinha que esta melhoria das projecções reflecte a expectativa de que as condições financeiras favoráveis a nível global vão "ajudar a manter a recente aceleração da procura, especialmente no investimento, com um impacto notável no crescimento das economias com grandes exportações".

 

No entanto, cerca de metade da revisão cumulativa no crescimento global em 2018 e 2019 é justificada pelas alterações nas regras e nos estímulos fiscais que Donald Trump conseguiu recentemente fazer passar no Senado e que terão efeitos na maior economia do mundo e também nos seus parceiros comerciais, em especial no Canadá e México, durante este período.

 

Aquela que é considerada a maior reforma fiscal das últimas décadas nos Estados Unidos, com um custo orçamental na ordem dos 1,2 biliões de euros, baixa de 35% para 21% a taxa de imposto sobre os lucros (o equivalente ao nosso IRC) e elimina a "alternative minimum tax", uma espécie de travão que obrigava as empresas a terem uma tributação mínima de 20%. O sector financeiro e o imobiliário são apontados como os maiores beneficiários no curto prazo.

 

Alertas para o médio prazo

 

No documento com o título "Perspectivas mais brilhantes, mercados optimistas, desafios futuros", divulgado esta segunda-feira, 22 de Janeiro, o FMI deixa vários alertas de que este ciclo oferece uma "oportunidade ideal" para fazer reformas e olhar para o médio e longo prazo. Sustenta, por exemplo, que é "imperativo" garantir a resiliência financeira ou, olhando para a inflação, que a política monetária deve continuar a ser restritiva.

 

Maurice Obstfeld argumenta, citado num comunicado, que é improvável que a actual recuperação se torne no "novo normal" e antevê "riscos de quebra" no médio prazo, apontando a "complacência" como o maior risco e sublinhando que "os políticos prudentes devem olhar além do curto prazo e não cair na tentação de "sentar-se a aproveitar o sol" momentâneo.

 

"Agora é o momento para construir políticas que possam amortecer futuros impactos, de reforçar as defesas contra a instabilidade financeira e de investir em reformas estruturas, infra-estruturas produtivos e nas pessoas. A próxima recessão pode estar mais próxima do que pensamos e as munições com as quais vamos combatê-la são muito mais limitadas do que há uma década, principalmente porque as dívidas públicas são muito maiores", concluiu o conselheiro e director da área de "research" do FMI.

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