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Excedente externo supera mil milhões mas continua abaixo de 2016 e 2015

O turismo é o grande responsável pela recuperação das contas externas portuguesas. Só em Agosto rendeu mais 1.600 milhões de euros.

Bruno Simão/Negócios
19 de Outubro de 2017 às 12:47
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Depois de um arranque de ano com mau desempenho, as contas externas portuguesas reforçaram em Agosto o saldo positivo, que já supera os mil milhões de euros, embora permaneça abaixo do registado no período homólogo dos dois últimos anos.

 

Nos primeiros sete meses deste ano o saldo da balança de pagamentos (balança corrente e balança de capital) foi positivo em 280 milhões de euros, recuperando dos valores negativos registados nos meses anteriores.

 

Em Agosto esta tendência de recuperação foi reforçada. Segundo os dados publicados esta quinta-feira, 19 de Outubro, pelo Banco de Portugal, o excedente externo registado nos primeiros oito meses do ano passou para 1.389 milhões de euros.

 

Apesar da melhoria, o excedente externo deste ano é inferior ao registado em 2016 no mesmo período. Nos primeiros oito meses do ano passado o excedente externo foi de 1.777 milhões de euros e no mesmo período de 2015 foi ainda maior.

 

Turismo rende 1.600 milhões em Agosto

 

A recuperação está relacionada com o bom desempenho do turismo, que tem em Julho e Agosto os meses mais fortes.


De acordo com o Banco de Portugal, na rubrica "Viagens e turismo" o excedente aumentou 1.214 milhões de euros, fixando-se em 6.996 milhões de euros, sendo que no mês de Agosto o saldo do turismo foi de 1.600 milhões de euros.

 

Contudo, este bom desempenho do turismo não foi suficiente para compensar o aumento do défice da balança de bens. Este agravou-se em 1.785 milhões de euros, uma vez que as importações de mercadorias (+14,2%) continuam a crescer a um ritmo superior ao das exportações (+11,1%).

 

Quanto às outras rubricas que compõem a balança de pagamentos, o défice da balança de rendimento primário cresceu 280 milhões de euros para 3.588 milhões de euros, devido "sobretudo, à redução das transferências da União Europeia", que acabou também por penalizar o saldo da balança de capital.

 

Quanto à balança financeira, registou um acréscimo dos activos líquidos de Portugal sobre o exterior no valor de 2.081 milhões de euros. "Este aumento traduziu-se, essencialmente, no investimento em títulos de dívida por parte do sector financeiro e na redução do passivo das administrações públicas", acrescenta o Banco de Portugal, destacando neste caso o "reembolso antecipado ao FMI de 799 milhões de euros".


Balança de pagamentos

A balança de pagamentos regista as transacções que ocorrem num determinado período de tempo entre residentes e não residentes numa determinada economia. Essas transacções são de natureza muito diversa encontrando-se classificadas em três categorias principais:

- balança corrente, que regista a exportação e importação de bens e serviços e os pagamentos e recebimentos associados a rendimento primário (ex: juros e dividendos) e a rendimento secundário (ex: transferências correntes);

- balança de capital, que regista as transferências de capital (ex: perdão de dívida e fundos comunitários) e as transacções sobre activos não financeiros não produzidos (ex. licenças de CO2 e passes de jogadores);

- balança financeira, que engloba as transacções relacionadas com o investimento, nomeadamente investimento directo, investimento de carteira, derivados financeiros, outro investimento e activos de reserva.

Fonte: Banco de Portugal

 

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