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Ernst & Young: Previsão trimestral invernosa para Portugal
A Ernst & Young admite que Portugal possa vir a “necessitar de mais ajuda financeira” da troika e alerta para o risco que as medidas de austeridade podem representar para a economia portuguesa. A consultora refere mesmo o risco de entrada numa “espiral negativa”.
No Orçamento do Estado de 2013, o Governo português revela algumas das medidas mais austeras dos últimos anos, tudo para tentar atingir a meta do défice de 4,5%, definido no programa de ajustamento português acordado com a troika - União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE).
O relatório da Ernst & Young de Outono previa uma queda de 2% do produto interno bruto (PIB), já este último aponta para uma diminuição ainda maior, na ordem dos 2,5%, em 2013. A consultora realça que os portugueses têm demonstrado muita tolerância para com os planos de austeridade do Governo, ainda que as últimas medidas tenham despoletaram alguma agitação social.
Este descontentamento “pode ser penoso para a economia, distraindo o Governo em relação ao cumprimento das metas orçamentais.” O Governo encontra-se numa posição muito difícil, na medida em que precisa de cumprir os objectivos, mas fazê-lo pode causar graves danos à economia portuguesa, sublinha o relatório.
Adicionalmente, a austeridade pode afectar ainda mais os gastos no consumo, que desceram cerca de 6% este ano, e que se espera que venham a descer mais 3,6% no próximo ano. No sector público, os cortes vão levar a mais desemprego, que se prevê que chegue aos 17%, em 2014. O investimento diminuiu também 15%, esperando-se que diminua mais 6,3% em 2013, e 1,1% em 2014. A única “surpresa” é o volume de exportações, que aumentou 6,6% este ano, esperando-se que nos próximos dois anos abrande o ritmo de crescimento.
Com o anúncio do Banco Central Europeu para a compra ilimitada de acções no mercado secundário, a confiança dos investidores em Portugal aumentou, mas os juros continuam muito elevados devido às previsões de crescimento baixas. “Isto sugere que Portugal irá necessitar de mais ajuda financeira da UE e do FMI”, adianta o relatório.