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Venham produzir na América ou enfrentem tarifas, diz Trump em Davos
Numa mensagem no Fórum Económico Mundial, o Presidente dos EUA pediu à OPEP que faça descer os preços do petróleo. EUA têm "grandes queixas da UE", mas estão preparados para garantir exportações de gás.
Donald Trump instou nesta quinta-feira os líderes empresariais reunidos no Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, a investirem nos Estados Unidos, prometendo os "melhores impostos", mas deixou o aviso: caso não o façam, arriscam enfrentar tarifas adicionais nas vendas para o mercado norte-americano.
"Venham fazer os vossos produtos na América e teremos para vocês os melhores impostos", prometeu, recordando os planos para a extensão da baixa fiscal iniciada no primeiro mandato. De contrário, avisou, o cenário - pelo menos, para os exportadores que visam o mercado norte-americano - será o de um aumento das tarifas.
No discurso transmitido a partir dos Estados Unidos, seguido de uma sessão de perguntas aberta a vários líderes presentes no Fórum - incluindo vários europeus -, a promessa de imposição de tarifas foi reiterada depois de os primeiros dias da Presidência Trump terem resultado numa ameaça mais mitigada e que sugere espaço de negociação com os parceiros comerciais dos Estados Unidos. No caso europeu, até 1 de abril haverá uma investigação sobre o défice comercial com a UE visando eventuais medidas comerciais.
"Temos grandes queixas em relação à UE", manteve Donald Trump, nomeadamente, lembrando que várias empresas norte-americanas - Apple, Google, Facebook - enfrentam obstáculos regulatórios às suas operações. "Adoro os países europeus, mas o processo é muito moroso. Tratam-nos mal", defendeu perante a plateia. "Tanto quanto me diz respeito é uma forma de impostos".
O cenário de tarifas adicionais à UE é mais incerto, nomeadamente, do que aquele que enfrentam Canadá, México ou China, países para os quais Trump antecipa taxas alfandegárias adicionais de 10% a 25% a partir de fevereiro. A Comissão Europeia, entretanto, tem feito saber que pretende reagir de forma pragmática e dialogar com a nova Administração norte-americana à primeira oportunidade. Numa entrevista à Reuters, nesta quinta-feira, o vice-presidente da Comissão Europeia com a pasta para a Economia, Valdis Dombroviskis, deu indicação de que Bruxelas vê um aumento das compras de energia e de armamento aos EUA como vias para reter uma escalada tarifária dirigida ao bloco.
Questionado no Fórum de Davos sobre se os EUA, já os maiores fornecedores de gás natural à Europa, terão capacidade para aumentar as vendas, o Presidente norte-americano garantiu que seria possível. "Iria garantir que o obtêm. Se fizermos um acordo vão tê-lo", assumiu.
O responsável da Casa Branca lembrou também a declaração de Emergência Nacional na Energia feita nas primeiras horas após a tomada de posse, na segunda-feira, instrumento com o qual Donald Trump pretende desfazer barreiras regulatórias e aumentar a produção de petróleo e gás pelos Estados Unidos, revertendo os esforços dos anos anteriores para uma aposta nas energias limpas.
No que diz respeito aos preços da energia, entretanto, o Presidente dos EUA dirigiu repto à Arábia Saudita e Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) para que baixem os preços do petróleo. "Vou pedir à Arábia Saudita e à OPEP que baixem os preços do petróleo", disse, argumentando que "se os preços descessem a guerra na Ucrânia acabava imediatamente".