Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

IA vai roubar empregos? "As pessoas estão assustadas", diz CEO da Sonae

"A tecnologia atual está a ajudar toda a gente, por isso precisamos de melhorar as nossas competências, já que se estão a tornar obsoletas. É preferível partir das competências que já temos e melhorá-las, do que ter de passar mais cinco anos para obter um novo diploma", disse Cláudia Azevedo em Davos.

Yves Herman / Reuters
  • ...

Quando o tema é melhoria e adaptação de competências para um mercado de trabalho no qual a inteligência artificial está a ganhar cada vez mais espaço, a CEO do grupo Sonae, Cláudia Azevedo, defende que "é muito importante que tenhamos um verdadeiro sentido de orientação" nas empresas. 

"As pessoas estão assustadas, têm cada vez mais medo do que lêem no jornal, que vamos perder não sei quantos empregos por causa da tecnologia e da inteligência artificial. Temem pelos seus postos de trabalho, mas há soluções que permitem adquirir novas competências. É importante progredir na carreira e reenquadrar-se", disse a responsável na conferência anual do Fórum Económico Mundial, em Davos, onde participou como oradora na conferência "Reskilling for the Inteligence Age", na qual dividiu o palco com Omar Abbosh,  CEO da editora e livreira britânica Pearson, Vimal Kapur, CEO da tecnológica americana Honeywell, Joe Ucuzoglu, CEO da consultora Deloitte e Jayant Chaudhary, ministro indiano da Educação e Empreendorismo. 

As pessoas temem pelos seus postos de trabalho, mas há soluções que permitem adquirir novas competências.Cláudia Azevedo
CEO da Sonae

Em cima da mesa esteve em debate o atual contexto global, em que a falta de competências continua a ser a principal barreira para desbloquear todo o potencial da transformação digital, ainda que as empresas estejam a investir mais de 240 mil milhões de dólares anualmente em IA e infraestruturas digitais. 

"A tecnologia atual está a ajudar toda a gente, por isso precisamos de melhorar as nossas competências, já que se estão a tornar obsoletas. É preferível partir das competências que já temos e melhorá-las, do que ter de passar mais cinco anos para obter um novo diploma", disse Cláudia Azevedo. 

Na visão da CEO portuguesa, é importante que as empresas, como um todo, definam o seu rumo e adaptem as competências dos trabalhadores. "Em todos os níveis de cada organização, é preciso dizer: é para aqui que estamos a ir e temos de fazer um planeamento da força de trabalho. Estas são as competências de que necessitamos e se vamos fazer isto, vamos fazê-lo todos juntos. É essa empatia conjunta que nos vai fazer avançar e sentir a necessidade de aprender coisas novas", defendeu. 

Para a gestora, "ser curioso é a maior competência que se pode ter" hoje em dia, sobretudo se a cultura da empresa estiver orientada para que todos tenham de aprender coisas novas. 
 

Ao nível da formação ao longo da carreira, Cláudia Azevedo diz que tem de passar por novas competências digitais, mas também pelas soft skills, como a empatia, sobretudo se as pessoas estiverm dedicadas a "trabalhos mais humanos ". 

Sobre a Sonae, a CEO deu como exemplo o que estão a fazer a nível interno, que passa por um planeamento onde são necessários menos recursos. "Como empresa retalhista, temos funcionários nas caixas dos supermercados. Para essas pessoas, as opções de melhoria de competências passam por mudar para o interior da loja, como consultores de beleza, com salários mais elevados. Ou então mudar para as óticas do grupo, por exemplo, uma área na qual há falta de técnicos na Europa, fazendo formação e investindo do seu tempo, com a ajuda da empresa. Estamos a fazer isso e a certificar-nos onde é possível melhorar competências". 

Além disso,a  CEO da Sonae explicou que o grupo está a liderar uma parceria público-privada que reúne as 40 maiores empresas do país para identificar quais as competência mais necessárias no tecido empresarial nacional, de modo a conceber um programa de formação, financiado pelo Governo. 

"É fantástico e está realmente a correr muito bem. Cada pessoa tem formação entre seis ou nove meses, faz a sua mudança de vida e de carreira profissional. Mas é difícil expandir este movimento a todas as outras empresas e fazê-lo ganhar a devida escala", explica.

Já em Espanha, a Sonae está a desenvolver com a Telefónica uma nova plataforma online - uma espécie de "marketplace" digital - na qual as pessoas podem introduzir os seus dados e as suas competências profissionais, sendo feito depois o "match" com as empresas que nessa mesma plataforma publicaram ofertas de emprego. 

Olhando para o seu próprio currículo e para as suas competências, Cláudia Azevedo confessou que em 2025 irá optar por frequentar cursos para executivos com a duração de uma semana, nos EUA, de preferência, nos quais possa fazer uma verdadeira "imersão" em novo conhecimento. 

"O movimento de adaptação e melhoria das competências devia ser aspiracional. Como vamos fazê-lo por nós próprios? E as empresas devem dizer aos seus trabalhadores que não há problema em terem medo de perder os seus empregos por causa da tecnologia, desde que estejam dispostos a passar por uma requalifação, mudar o seu rumo e progredir na carreira", rematou.  

Ver comentários
Saber mais Trabalho Empresas Investimentos Sonae Europa Estados Unidos Espanha
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio