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Bruxelas estuda apoio pan-europeu a compra de carros elétricos
A medida que Bruxelas está a estudar visa inverter a quebra na venda de automóveis elétricos registada no ano passado na União Europeia.
Numa altura em que vários dos Estados-membros eliminaram ou reduziram os incentivos para a compra de veículos elétricos - Espanha foi o mais recente país a suprimir os apoios -, a Comissão Europeia está a estudar formas de ajudar a indústria automóvel europeia, nomeadamente a possibilidade de ser criado um subsídio a nível europeu para a aquisição de carros elétricos.
Em declarações ao Financial Times no Fórum Económico Mundial, em Davos, a vice-presidente executiva da Comissão, Teresa Ribera, refere que as opções para um programa de incentivo está ainda a ser "burilada".
"Faz sentido ver como conseguimos uma perspetiva pan-europeia, como facilitar estas medidas em vez de subsídios nacionais", disse. Ribera advertiu que, caso contrário, poder-se-á assistir a uma competição entre os vários modelos de incentivos de cada país.
A questão assume maior urgência numa altura em que as vendas de elétricos na UE sofreram uma quebra no ano passado, representando apenas 13,6% das vendas globais, e em que as fabricantes europeias enfrentam regras mais apertadas em termos de emissões de dióxido de carbono.
Na terça-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, revelou que Bruxelas estava a ponderar um programa de subsídio a nível europeu que o chefe de governo alemão tinha proposto. A Alemanha, recorde-se, suprimiu subitamente estes apoios em 2023, o que levou a uma forte quebra nas vendas de veículos elétricos na Alemanha, que foi, aliás, ultrapassada pelo Reino Unido como maior mercado na Europa deste tipo de automóveis.
As dificuldades no desenho de um programa pan-europeu passam pela conformidade com as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC) e evitar que estes apoios beneficiem os fabricantes chineses, cuja quota de mercado nos elétricos na UE tem vindo a crescer rapidamente, tendo mesmo levado Bruxelas a impor tarifas aos veículos produzidos na China.
Ribera recusou liminarmente a possibilidade de a Comissão Europeia abandonar a meta de proibir a venda de novos veículos a combustão interna em 2035, alegando que a indústria automóvel quer "previsibilidade e clareza".
"Não faz sentido abrir novamente a discussão (...) e prejudicar os fabricantes que avançaram mais rapidamente", sublinhou.
Já quanto às metas intermédias e as multas a aplicar em caso de incumprimento, Ribera mostrou-se flexível. A responsável referiu que decorre uma "conversa aberta" com os fabricantes automóveis sobre compromissos de investimento que estes possam fazer em contrapartida por uma maior flexibilidade nas metas e coimas.