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Comissão Europeia espera que famílias portuguesas poupem muito menos
Em apenas três meses, Bruxelas fez uma revisão substancial da previsão de evolução da poupança das famílias portuguesas, de 9,6% para 6,5% do rendimento disponível. O valor mais baixo desde 1995.
Segundo as previsões da Primavera da Comissão Europeia, publicadas esta terça-feira, 5 de Maio, a taxa de poupança das famílias portuguesas deverá voltar a cair em 2015, fixando-se nos 6,5%. Muito longe dos 9,6% estimados nas previsões de Inverno, divulgadas há apenas três meses por Bruxelas.
No relatório, não são apresentadas justificações para a revisão, mas ela deverá traduzir a esperada dinamização do consumo privado (revisto em alta), sem uma verdadeira recuperação do emprego e dos salários (são ambos revistos em baixa). A confirmar-se uma taxa de poupança de 6,5% este ano, ela seria a mais baixa desde que a Comissão Europeia tem registos para a Portugal (1995). Significa que as famílias portuguesas, em média, deverão poupar 65 em cada 1.000 euros de rendimento disponível.
Previsão de crescimento continua nos 1,6%
Apesar de esperar um crescimento mais veloz do consumo privado, Bruxelas não revê em alta a sua previsão de evolução do produto interno bruto (PIB) português para este ano, mantendo a sua estimativa de crescimento de 1,6%. Um valor em linha com aquele que o Governo inscreveu no Programa de Estabilidade.
Depois de a procura externa (exportações subtraídas das importações) ter dado um contributo negativo para o PIB em 2014, antecipa-se que, tal como a procura interna, ela dê este ano um contributo positivo.
"A maioria dos indicadores de confiança dos consumidores, bem como dados de venda de carros e compras com cartão de crédito e débito no primeiro trimestre de 2015 apontam para a continuação de um desempenho forte da procura interna", escrevem os técnicos da Comissão. Para o futuro, há outros pontos positivos a sublinhar, como o petróleo barato ou a melhoria gradual do mercado de trabalho e dos salários. Segundo as novas previsões, o consumo privado deverá crescer 2% em 2015, desacelerando para os 1,6% em 2016.
Bruxelas está também mais optimista em relação ao investimento, "apesar do endividamento empresarial ainda estar a um nível elevado". São citados factores positivos, como a melhoria da capacidade de utilização, a política monetária do BCE ("quantitative easing") e a melhoria das condições de crédito. A juntar a estes factores, a reforma do IRC deverá também ajudar a estimular o investimento.
Tudo somado, diz a Comissão, o PIB português avançará 1,6% este ano e 1,8% em 2016.