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António Costa: "Programa de ajustamento traduziu-se num drama social"

O secretário-geral do PS defendeu hoje que os dados do INE sobre o aumento do risco de pobreza demonstram que o "mexilhão" é que sofreu com o programa de ajustamento, traduzido no "drama social" do aumento das desigualdades.

Bruno Simão/Negócios
31 de Janeiro de 2015 às 13:14
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Na abertura da Comissão Nacional do PS, em Setúbal, o líder socialista referiu-se aos dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento divulgado na sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), considerando-os "reveladores do fracasso da política deste Governo, quer no domínio económico quer social".

 

"A tese que o Governo quis apresentar que neste programa de ajustamento tinha havido justiça social - que aqueles que mais tinham, tinham suportado mais, e aqueles que menos tinham, tinham suportado menos - é uma ideia que é falsa", defendeu António Costa.

 

Pelo contrário, sublinhou o líder socialista, "o programa de ajustamento traduziu-se num drama social não só na emigração, no desemprego, mas num aumento significativo da pobreza e das desigualdades".

 

"Quase 20% da população portuguesa está em risco de pobreza. Só nos anos de 2012 e 2013 tivemos um aumento de 400 mil pessoas. Tínhamos que regressar a 2003, tínhamos que regressar aos governos de Durão Barroso, para encontrarmos o nível de pobreza que Portugal agora atingiu sob a condução deste Governo", afirmou.

 

Costa sublinhou que o risco de pobreza aumentou sobretudo entre os jovens e as crianças, considerando isso "significa o risco de reproduzir uma nova geração de pobreza e significa cortar à partida a oportunidade que todos têm que ter de realizar plenamente o seu potencial".

 

"Estes dados sobre a pobreza revelam bem que o discurso que o Governo procurou fazer de que desta vez não tinha sido o 'mexilhão' a suportar os encargos e sacríficos desta crise é uma tese falsa. Ao contrário do que disse o Governo, têm sido aqueles que menos rendimentos têm que mais têm suportado a política de ajustamento", afirmou.

 

O secretário-geral socialista frisou que "ao aumento da pobreza, o Governo conseguiu acompanhar com a asfixia fiscal da classe média", o que é reflectido nos dados que revelam que "mais 10% da população empregada está também em risco de pobreza".

 

António Costa quis também focar-se na quantificação do aumento das desigualdades fornecida pelo INE: "Aumentaram seis vezes quando se compara entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos, e quando comparamos entre os 10% mais pobres e os 10% mais ricos, a diferença é de 11 vezes favorável aqueles que têm rendimentos mais elevados", disse.

 

O líder socialista referiu-se também ao Inquérito ao investimento, igualmente revelado pelo INE na sexta-feira, argumentando que contraria a ideia que o Governo quis apresentar de que o programa de ajustamento iria conduzir ao reforço da confiança dos empresários do investimento, "sobretudo, do bom investimento, da indústria para exportação".

 

"Aquilo que o inquérito veio dizer é que as perspectivas para 2015 são de redução do investimento", afirmou, sublinhando que a retracção será sobretudo na indústria transformadora.

 

Costa frisou que os dados mostram que "a grande alteração" do modelo económico "assente na exportação e industrialização" não se se está a verificar.

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