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Pobreza sobe e atinge 19,5% da população
A pobreza bateu à porta de quase dois milhões de portugueses em 2013. As crianças foram especialmente afectadas, mostram os números definitivos do Instituto Nacional de Estatística. Os pobres estão cada vez mais pobres.
As estatísticas definitivas sobre a incidência da pobreza em Portugal confirmam o cenário que os dados preliminares já apontavam: em 2013, a pobreza subiu e atingiu 19,5% da população, um patamar que coloca o País nos dois milhões de pobres, em níveis que não se viam desde 2004. As crianças foram o grupo mais afectado
Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados no dia Internacional de Erradicação da Pobreza, mostram que a taxa de intensidade da pobreza subiu 0,7 pontos em 2013, afectando nesse ano 19,5% da população portuguesa.
Crianças, trabalhadores, idosos: todos os grupos sofrem
Todos os grupos etários testemunharam um aumento da pobreza, mas as crianças foram afectadas com maior severidade, com 25,6% a enfrentar este risco.
Os idosos, que nos últimos anos vinham assistindo a uma diminuição do risco de pobreza, devido à adopção de medidas como o complemento social de inserção ou o aumento das pensões mínimas, também testemunharam um aumento da pobreza, de 14,6% para 15,1%. A população em idade activa também viu o risco de pobreza aumentar, de 18,4% para 19,1%.
Quem é pobre?
Há várias maneiras de medir a pobreza, mas o principal indicador usado pelo INE e pelos organismos internacionais considera pobres todas as pessoas que ganhem menos que 60% do rendimento mediano da economia. Este rendimento mediano fixou-se em 2013 nos 411 euros líquidos.
Ora este valor cresce ligeiramente em relação a 2012, altura em que foi pobre quem ganhou menos de 408 euros. Sendo o limiar da pobreza um valor volátil, em anos em que toda a sociedade empobrece, como aconteceu durante a intervenção externa, uma pessoa que antes era considera pobre pode deixar de o ser, apesar de até ganhar menos dinheiro. Foi o que aconteceu entre 2012 e 2013, para quem ganha entre 408 e 411 euros líquidos por mês.
É precisamente para expurgar este efeito estatístico que o INE passou a calcular, de forma complementar, a taxa de pobreza ancorada em 2009 – ou seja, considera que é pobre quem em 2013 teve um rendimento abaixo do limiar de pobreza de 2009.
Considerando este critério, o cenário é mais preocupante: em 2013 houve 25,9% de pobres no País.
Olhando para outro indicador ainda, que mede o risco de pobreza, associado em simultâneo ao risco de exclusão social, então havia 27,5% da população nesta situação.
Pobres vivem cada vez com menos dinheiro
Outro indicador que se deteriora é o da intensidade da pobreza, que subiu de 27,4% em 2012 para os 30,3% em 2013, segundo os dados definitivos do INE.
Este indicador, que mede a distância a que os pobres estão de deixarem de o ser, diz-nos duas coisas: que, em média, os cerca de dois milhões de pobres apresentaram um rendimento de 286 euros ao longo de 2013; e que a distância que separa os pobres do limiar da pobreza (os 411 euros) nunca foi tão grande desde que há série estatística.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística já tinham sido divulgados, de forma preliminar, no final de Janeiro. As informações que hoje são publicadas são definitivas, e não se distanciam significativamente da informação anterior.
No dia Internacinal de Erradicação da Pobreza, também o Eurostat , gabinete de estatísticas europeu, divulgou dados comparativos sobre a incidência da pobreza e exclusão social na Europa.