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Portugal exige a Espanha ser ouvido sobre prolongamento de Almaraz
O ministro do ambiente, João Pedro Matos Fernandes, afirmou esta terça-feira no parlamento que o Governo enviou ontem uma nova carta à sua homóloga espanhola defendendo que o eventual prolongamento do funcionamento da central nuclear de Almaraz "deve ser precedida de declaração impacte ambiental e que Portugal deve ser ouvido neste processo".
José Matos Fernandes afirmou esta terça-feira, 24 de Janeiro, no Parlamento, que Portugal não pode ficar à margem de uma decisão de prolongamento do funcionamento da central nuclear espanhola de Almaraz. Antes, sustentou, deverá ser avaliado o impacto ambiental e que Portugal tem de ser ouvido.
Na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, onde foi ouvido a pedido d' Os Verdes sobre a construção de um armazém de resíduos nucleares em Almaraz, que já resultou na apresentação de uma queixa do Estado português em Bruxelas, o ministro adiantou que na reunião de 12 de Janeiro com o Governo espanhol lhe foi dito que não havia qualquer decisão tomada.
Matos Fernandes acusou o anterior Governo de não ter feito nada relativamente a este processo e confirmou que o caso tem estado a ser tratado com o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O ministro sublinhou ainda que Espanha, que tem seis centrais nucleares activas, "é soberana para decidir a sua política energética" e que "estando a falar-se de um país vizinho e amigo, o que importa é garantir que a lei é cumprida".
"É aquilo que podemos fazer", afirmou o ministro, lembrando, no entanto, que "não é por estar a 100 quilómetros da fronteira que é um problema português, antes de mais é também um problema espanhol".
Matos Fernandes explicou ainda que após a entrega da queixa a Bruxelas, em que solicita um parecer fundamentado por parte da União Europeia, Bruxelas tem agora 90 dias para emitir esse parecer. E admitiu que a Comissão irá agora questionar Espanha sobre a entrada desta queixa. Só depois do parecer fundamentado, disse, é que Portugal "pode avançar com queixa junto do tribunal".
Matos Fernandes disse ainda que Portugal requereu a suspensão da construção do armazém a Bruxelas.
"Temos aqui um ano à nossa frente. Um ano é o tempo que demora a ser construído o armazém, 12-15 meses é o tempo que demora a ser emitida uma licença de exploração para que possa vir a entrar em funcionamento" afirmou.
"Não consigo imaginar decisão diferente da Comissão Europeia que não seja a de determinar a avaliação do impacto transfronteiriço", disse.