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Matos Fernandes: Relações com Espanha "não estão afectadas"

O ministro do Ambiente garante que, apesar de ter sido quebrada a confiança na relação com Espanha, na sequência da construção do aterro para os resíduos da central nuclear de Almaraz, as relações entre os dois países são importantíssimas e não estão afectadas.

Miguel Baltazar/Negócios
24 de Janeiro de 2017 às 16:30
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"Há aqui uma divergência profunda de opinião [com Espanha]. Há um conjunto de riscos sobre o ambiente e não é uma questão administrativa. É uma questão política, de, sem alarmes, defender a segurança dos portugueses, e por isso Portugal colocou uma queixa junto da Comissão Europeia", frisou esta terça-feira, 24 de Janeiro, o ministro do Ambiente, ouvido no Parlamento sobre a central de Almaraz em Espanha.

 

"Nunca ouvirão o Governo português a dizer bem de soluções nucleares. A opção energética portuguesa nada tem a ver com o nuclear", garantiu, sublinhando, no entanto, que, apesar da divergência profunda de pontos de vista, "as relações com Espanha não estão afectadas. São importantíssimas para Portugal e acreditamos que para Espanha também o são".

 

João Matos está a ser ouvido na comissão de Ambiente a pedido do grupo parlamentar d' Os Verdes e reconheceu que, em todo o processo de construção do aterro para os resíduos de Almaraz, sem que Portugal tenha sido ouvido e sem que tenha havido um prévio estudo de impacto ambiental, "sem dúvida que a confiança [com Espanha] foi quebrada". Mas, acrescentou, "está em causa a relação de dois países que se querem bem" e Espanha deverá cumprir a lei, "como Estado vizinho e amigo, mas também porque existe uma directiva" que a isso obriga.

 

O ministro foi questionado pelos deputados no sentido de afirmar se pretende ou não pressionar o Governo espanhol no sentido de não apoiar o prolongamento do período de vida da central nuclear que inicialmente era para se manter até 2010, e que depois foi prolongada até 2020 e agora, no seguimento da construção do armazém de resíduos que colocou Portugal e Espanha em confronto aberto, poderá manter-se até 2030.

 

Matos Fernandes garantiu que Portugal terá uma palavra a dizer sobre isso e, em resposta a André Silva, do PAN, desdramatizou, afirmando que a intervenção de alguns deputados lhe fazia lembrar "uma música do tempo da guerra fria, ‘I hope the russians love their children too’ [de Sting]", concluindo que não tem dúvidas de que sim, "Espanha love their children too" e, por isso, tem também preocupações de segurança.

 

"Aterro não é um mal menor"

Além disso, o ministro acusou os deputados de estarem a "sub-valorizar" a construção do aterro: "é como se este fosse um cavalo de troia para um mal maior e eu aí não concordo. O aterro é o mal maior. Vai destinar-se a guardar combustíveis já utilizados, mas activos do ponto de vista radioactivo e que podem prolongar-se por milhares de anos", afirmou Matos Fernandes. "E não temos maneira de saber se os materiais que o guardam têm essa longevidade. Não sabemos, só podemos especular. O aterro é um problema muito grave e tem de ser muito bem estudado e avaliado", sublinhou.

 

"No que respeita à avaliação do tempo de vida da central, Portugal em situação alguma prescindirá dos direitos que tem nessa matéria. Por isso é que já escrevemos a Espanha a pedir avaliações ambientais e nunca deixaremos de estar muito atentos", concluiu.

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