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Governo avisado há cinco meses que Kamov não poderiam voar no início da época de incêndios

A Heliportugal avisou o Governo em Abril que não teria disponíveis helicópteros para o arranque do período mais crítico para incêndios, noticia o Público.

Negócios 30 de Junho de 2015 às 09:58
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O jornal Público avança esta terça-feira, 30 de Junho, que a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, recebeu no início de Fevereiro uma carta que avisava o Governo da possibilidade de os helicópteros Kamov não conseguirem actuar na fase mais crítica dos incêndios, que arranca já amanhã.

 

Essa carta foi escrita por Pedro Silveira, presidente da Heliportugal, a empresa que vendeu os aparelhos ao Governo e que estava responsável pela sua manutenção até ao início de Junho. O alerta confirmou-se: a apenas um dia de começar a época dos incêndios, apenas um dos seis Kamov está em condições de voar.

 

Nessa carta, a Heliportugal refere que está a escrever à ministra depois de "vários pedidos de reunião quer por telefone, quer por email, quer por carta registada ao senhor presidente da ANPC [Autoridade Nacional de Protecção Civil]" e manifestando "enorme apreensão com o que se está a passar com os helicópteros Kamov". A mensagem não podia ser mais clara: "É nosso sentimento que o país vai ficar sem estes meios aéreos disponíveis […] exactamente no pior momento."

 

No que diz respeito a meios aéreos pesados – usados em incêndios de maior dimensão -, a ANPC tem disponíveis apenas um Kamov e dois aviões bombardeiros pesados.

 

Em resposta a perguntas do Público, a ANPC nota que durante o próximo mês os dois Kamov com "problemas mais ligeiros" começarão a funcionar. Os dois aparelhos estão parados há cerca de seis meses.

 

O Público conta que a 30 de Dezembro do ano passado, um dos Kamov teve um acidente em São Brás do Alportel, no Algarve, durante um voo de treino. Na sequência do acidente foi decidido fazer uma inspecção aos motores de todos os helicópteros pesados, tendo sido detectadas fissuras num outro aparelho. Foi ordenada uma investigação pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves, que ainda tem os helicópteros à sua guarda. No entanto, sublinha que mal existam novos motores para os aparelhos, eles serão "libertados".

 

Por que não foram feitas então as reparações mais cedo? A ANCP não dá uma resposta directa, culpando a Heliportugal, que seria a responsável pela "manutenção das aeronaves". Pedro Silveira responde que o contrato assinado com a Heliportugal apenas dizia respeito a manutenção programada, não a este tipo de reparações. E aponta que isso se tornou claro quando o Ministério da Administração Interna lançou no final de Maio um concurso no valor de três milhões de euros para a reparação dos aparelhos. Nenhuma empresa concorreu.

 

"O Estado foi atrasando o concerto destes helicópteros e depois queria obrigar-nos a fazer a reparação em 30 dias, o que era manifestamente impossível", frisou Pedro Silveira, citado pelo Público.

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