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A dessalinizadora do Algarve. Afinal, o que está em causa?

A ministra do Ambiente revelou que o concurso para a construção e exploração de uma dessalinizadora em Albufeira, cujo preço base é de 90 milhões de euros, recebeu duas candidaturas. Mas Maria da Graça Carvalho não adiantou mais detalhes. O concurso foi lançado em fevereiro e o objetivo é combater a escassez de água na região. 

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13 de Julho de 2024 às 10:00
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Junho foi um mês mais chuvoso do que o habitual, mas o Sotavento algarvio volta a enfrentar uma situação de seca severa. Nas barragens, o volume médio atinge apenas 40%, enquanto a nível nacional é o dobro (80%). E a barragem da Bravura, no Barlavento, tinha em junho apenas 20,8% da capacidade máxima.  
 
Para o Governo uma dessalinizadora é um último recurso devido aos impactos ambientais e ao custo. Para combater a escassez, as prioridades são: poupar água, ter menos perdas, reutilizar água, utilizar bem as infraestruturas e aumentar a capacidade existente.  No entanto, não está a ser suficiente. Mesmo com uma poupança de água entre os 10 e os 20% nos últimos meses, o Algarve está num regime de escassez de água permanente. 

Assim, tudo aponta para a construção de uma dessalinizadora no concelho de Albufeira, cujo valor base é de 90 milhões de euros. Prevê-se que o equipamento tenha uma capacidade inicial de conversão de água do mar em água potável de 16 hectómetros cúbicos. A data prevista para conclusão da obra é 2026

O que é a dessalinização? Vantagens e desvantagens


A dessalinização é um processo para eliminar os sais minerais dissolvidos na água. Aplicado à água do mar, é um dos meios mais usados para obter água doce para consumo humano ou agrícola. 

É uma solução já usada em muitos países para combater a escassez de água e em Portugal existem duas em funcionamento:  
a mais antiga em Porto Santo, na Madeira, construída em 1980, que produz água potável para o abastecimento público da ilha. A segunda é mais pequena e funciona num dos empreendimentos do Grupo Pestana no Alvor, no Algarve. 
 
A dessalinização não está isenta de impacto ambiental. O resíduo resultante do processo é a salmoura, água residual com uma elevada concentração de sal e poluentes, que em muitos casos é despejada no mar e afeta os ecossistemas. Se for despejada em terra, também prejudica o solo devido à concentração de minerais tóxicos. 

Foram ainda identificados outros problemas: risco de colisão e arrastamento de organismos marinhos na tomada de água do mar; criação de instabilidade na arriba onde vai passar a conduta de descarga de salmoura; afetação de espécies e habitats na zona de implementação do projeto. 
 
Aliás, a Plataforma Água Sustentável, que agrupa associações ambientalistas, iniciou uma diligência judicial junto do Ministério Público para invalidar a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) favorável à dessalinizadora, emitida pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA), por não cumprir requisitos legais, alegando que "viola leis nacionais e europeias". 
 
Por ser uma tecnologia dispendiosa, a água dessalinizada pode ficar quase 20 vezes mais cara no caso do consumo agrícola. Além disso, será necessário adicionar nutrientes para o crescimento das plantas. Já para consumo doméstico, o preço pode subir ainda mais, uma vez que esta água precisa de mais tratamentos, incluindo a adição de sais minerais, até atingir o ponto de equilíbrio próprio para ser água potável.
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