O consórcio luso-espanhol formado pela Aquapor, responsável por 11 concessões de serviços de água e saneamento em Portugal, e pelo grupo GS Inima, venceu o concurso público para a construção da dessalinizadora do Algarve por 107,92 milhões de euros.

O anúncio da adjudicação foi feito na noite de terça-feira, 1 de outubro, pelas Águas do Algarve, em comunicado.

Com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) - na ordem dos 56 milhões -, a dessalinizadora, a concluir até 2026, vai oferecer, numa fase inicial, uma capacidade de conversão de água do mar em água potável de 16 milhões de metros cúbicos, mas a infraestrutura está a ser projetada para ter capacidade para "tratar até três vezes mais do que esse volume, ou seja, chegar até aos 24 milhões de metros cúbicos.

"A região do Algarve sofre, ao longo dos últimos anos, ciclos de seca prolongada associada a uma situação de escassez hídrica já considerada estrutural, resultando numa diminuição dos volumes de água armazenada nas várias origens disponíveis, estando esta situação a ser monitorizada pela Agência Portuguesa do Ambiente, pela Águas de Portugal e pelas Águas do Algarve", pelo que "por forma a minimizar esta situação, diversos estudos apontam para o recurso à dessalinização de água do mar como uma das medidas estruturais possíveis para o reforço da capacidade de produção de água", enfatiza a Águas do Algarve.

Assim, "esta opção integra o conjunto de medidas que corresponde igualmente a uma necessidade estratégica ligada às disponibilidades e reservas de água na região, tal como identificado no Plano Regional de Eficiência Hídrica da Região do Algarve", vinca.

Na reta final da corrida pela empreitada, com um preço base de 90 milhões de euros, estavam dois consórcios luso-espanhóis: um da Aquapor, detida pelos franceses da Saur, que formou uma "joint-venture" com o grupo espanhol GS Inima para participar no concurso; e outro, como avançou o Negócios, constituído pelas empresas portuguesas Transwater e Cimontubo e pela espanhola Tedagua, que pertence ao grupo Cobra, detido, por sua vez, pelos franceses da Vinci.

A Aquapor é responsável por 11 concessões de serviços de água e saneamento, em que o serviço é prestado diretamente à população, sendo que na prestação de serviços aos municípios e às indústrias é proprietária da Luságua – Serviços Ambientais (que entra no consórcio vencedor da dessalinizadora), que desenvolve atividades que vão desde a consultoria e serviços especializados de engenharia até à gestão, operação e manutenção de sistemas urbanos de águas e estações de tratamento.

No mercado desde 1987, a Aquapor foi vendida em 2021 pela DST, cinco anos depois de a ter comprado à estatal Águas de Portugal, aos franceses da Saur, descrito como "o terceiro maior grupo a operar no setor da água em França". Já os espanhóis da GS Inima, que pertencem à multinacional coreana GS E&C, com presença em mais de uma dezena de países, são descritos como "uma das mais importantes empresas de dessalinização no mercado mundial".

Em comunicado, enviado às redações, também na noite de terça-feira, Dia Mundial da Água, o Ministério do Ambiente e Energia informa do anúncio da adjudicação da conceção e construção, seguida da exploração (por um período de três anos) da "primeira estação de dessalinização em Portugal Continental", mas sem identificar o agrupamento de empresas que venceu o concurso.

"Esta infraestrutura representa um investimento estratégico, juntamente com a tomada de água no Pomarão, para reforçar o abastecimento à região, mesmo em períodos de seca prolongada", diz a ministra da tutela, Maria da Graça Carvalho, citada na mesma nota.

"Em apenas seis meses, este Governo conseguiu levar para a frente a tomada de água no Pomarão e o arranque da conceção, construção e exploração da dessalinizadora no Algarve", reforçou.

O concurso público internacional foi lançado em meados de fevereiro, ou seja, antes da tomada de posse do Governo liderado por Luís Montenegro, a 2 de abril.