- Partilhar artigo
- ...
Devido à situação de seca hidrológica extrema que se vive no Algarve, o Município de Albufeira adotou um conjunto de 23 medidas que visam dar resposta à situação de crise, promovendo a redução de consumos e a racionalização na utilização dos recursos hídricos da região.
Assim, juntamente com a próxima fatura da água, os residentes em Albufeira vão receber uma explicação detalhada das medidas 23 medidas, de forma a consciencializar a população da gravidade da situação e para que adotem os comportamentos adequados.
Paralelamente, vai disponibilizar de forma gratuita um serviço de auditoria e aconselhamento aos maiores consumidores de água do concelho, com vista a sensibilizar para a necessidade de substituir plantas que exigem elevado consumo de água por espécies vegetais autóctones, mediterrânicas e resilientes às alterações climáticas.
"Se não houver uma efetiva redução dos consumos, o fornecimento de água à população e às empresas fica seriamente comprometido", alerta o presidente da Câmara Municipal, José Carlos Rolo, sublinhando que pode haver "enormes prejuízos para as famílias, a economia local e o consumo sustentável de água na região".
Apesar da chuva que se fez sentir na semana da Páscoa, o Município indica que o Algarve continua em situação de seca hidrológica extrema, "com níveis baixíssimos de água subterrânea e reservas superficiais".
Refira-se que já em anos anteriores o Município de Albufeira tinha adotado várias medidas com vista à preservação das reservas de água no concelho, uma vez que desde maio de 2022 os níveis de armazenamento nas albufeiras algarvias encontram-se abaixo dos 50%.
"Esta é a pior seca de sempre na região, pelo que adicionalmente às medidas anteriormente adotadas, o Município de Albufeira viu-se obrigado a lançar mão a um conjunto extraordinário de medidas com vista a reduzir os consumos urbanos, no setor do turismo e na agricultura", esclarece José Carlos Rolo.
Para o projeto de colaboração com os grandes consumidores de água do concelho, a autarquia disponibiliza os seus serviços técnicos de arquitetura paisagista e gestão de rega para dar apoio aos maiores consumidores de água, designadamente hotéis e outras entidades com espaços verdes, na substituição de plantas que exigem elevado consumo de água (relva), por espécies vegetais autóctones, mediterrânicas e resilientes às alterações climáticas.
A equipa técnica da autarquia começa por fazer uma auditoria ao local, após o que irá sugerir planos de plantação, equipamentos de rega e espécies de baixa necessidade hídrica, de acordo com a natureza e arquitetura das zonas ajardinadas. O serviço é gratuito mas sujeito a marcação prévia através do email espacosverdes@cm-albufeira.pt.
O presidente da Câmara Municipal refere que se trata de "uma iniciativa que tem por objetivo incentivar os grandes consumidores de água, que disponham de áreas verdes relvadas e outras espécies de elevada necessidade hídrica, a reduzirem o consumo de água, sensibilizando-os para a necessidade da sua substituição por outras plantas mais adaptadas ao cenário de seca que se vive na região. Ao mesmo tempo, pretende-se aproveitar a iniciativa para dotar os jardins e espaços verdes de Albufeira de maior biodiversidade, melhorando a capacidade de polinização e o valor paisagístico das zonas verdes do concelho", sublinha.
Dessalinizadora com luz verde ambiental
Entretanto, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitiu, na última quarta-feira, a Declaração de Impacte Ambiental favorável ao projeto da Estação de Dessalinização de Água do Mar do Algarve, a construir em Albufeira, condicionado ao cumprimento de um conjunto de condições.
A decisão decorreu da avaliação desenvolvida pela Comissão de Avaliação constituída para o efeito, coordenada pela APA e integrando representantes da própria APA, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, do Património Cultural, da Administração Regional de Saúde do Algarve, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e do Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves do Instituto Superior de Agronomia.
Uma das preocupações ambientais está relacionada com os impactes da rejeição de salmoura nos ecossistemas marinhos. Para este caso, a avaliação teve em consideração os resultados do estudo da influência espacial da dispersão do efluente salino no mar apresentado, indicando que "apesar de se considerar que os impactes não são significativos, foi incorporado na decisão um conjunto de exigências visando a salvaguarda destes possíveis impactes, bem como o desenvolvimento de eventuais medidas de minimização adicionais".
Dado que o procedimento de avaliação de impacte ambiental decorreu na fase de estudo prévio, a APA informa que ocorrerá um segundo momento de avaliação na fase de projeto de execução, tendo em vista a verificação da conformidade ambiental do projeto de execução com a Declaração de Impacte Ambiental agora emitida.
De salientar que o licenciamento e o início da construção da Estação de Dessalinização apenas poderão ocorrer após emissão da decisão de conformidade ambiental do projeto de execução.