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Bruxelas aberta a conceder programa cautelar à Grécia

Segundo o Handelsblatt e o El País, Bruxelas está a ponderar alterar a forma como são realizadas as negociações com Atenas, no pressuposto de o actual programa da troika, que está a expirar, ser seguido por um programa cautelar assegurado apenas pela Europa.

Reuters
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Actualmente, é a troika, constituída pela Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu, que está a financiar o programa de assistência à Grécia. Os desembolsos previstos pelo FMI prolongam-se até 2016. Já os empréstimos europeus deveriam ter sido concluídos em Dezembro, mas o programa foi prolongado até ao fim de Fevereiro, tendo sido suspensa a transferência da última fatia de sete mil milhões de euros, por desacordo sobre o Orçamento grego de 2015. Segundo o Handelblatt e o El País, Jean-Claude Juncker, recém-empossado presidente da Comissão Europeia, poderá estar a planear que essa formação deixe de ser a responsável pela negociação com o Governo grego, podendo até deixar de haver visitas oficiais da troika ao país, enquanto o Governo mantiver o caminho das reformas.

 

"Temos de encontrar uma alternativa rápida", refere uma fonte anónima da Comissão, citada pelo diário alemão. Berlim parece estar de acordo com a alteração, bem como com a definição de metas económicas menos específicas. A ideia é fugir a uma quantificação do progresso que os gregos vêem como humilhante.

 

No entanto, estas mudanças só seriam válidas se Atenas aceitasse respeitar os anteriores compromissos de redução do défice e de reformas estruturais, no quadro de um novo acordo com a Europa que poderá ter, por contrapartida, uma linha de crédito cautelar financiada pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). Quanto a uma reestruturação de dívida, que passe por um perdão no seu valor nominal, a resposta de Bruxelas é a mesma: está fora de questão, embora haja abertura para voltar a rever as condições de pagamento dos empréstimos.

 

"O fim da troika, símbolo da austeridade aplicada ao país nos últimos cinco anos, chegará se a Grécia e os credores alcançarem um acordo e chegarem sem acidentes à etapa seguinte do resgate, que expira em Fevereiro: uma linha cautelar de crédito, ou seja um novo resgate 'soft' que ninguém ainda pediu [Irlanda e Portugal optaram pela chamada "saída limpa"] que oferece margem para acabar com a inédita aliança entre a Europa e do FMI [troika], sem causar confusão. Com esta linha de apoio, os inspectores europeus e do Fundo já não andarão de mãos dadas a verificar se a Grécia está em conformidade com as condições do resgate", explica o El País.

 

O Executivo grego já sublinhou que não irá cooperar com as equipas da troika que estão em Atenas, desejando negociar directamente com as autoridades europeias e o FMI.

 

Caso se confirme esta decisão de Juncker, a Comissão dá um sinal de alguma aproximação – ainda que formal – ao Governo grego. Desde que o Syriza venceu as eleições de 25 de Janeiro, os dois lados têm estado muito afastados, com posições aparentemente inconciliáveis.

 

Recentemente, Alexis Tsipras também moderou o discurso ou, pelo menos, procurou não se mostrar intransigente. Em declarações à Bloomberg sobre uma possível reestruturação de dívida, o primeiro-ministro grego garantiu que "nunca foi a nossa intenção agir unilateralmente em relação à dívida grega". "Precisamos de tempo para respirar e criar o nosso próprio programa de recuperação de médio prazo."

 

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