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Ode à sardinha

Numa noite de véspera de São João, o fotojornalista Alfredo Cunha partiu de Matosinhos, embarcou na traineira “Henrique Cambola” com os homens do mar e foi registar os movimentos dos pescadores, das suas redes e pescados. O resultado está na exposição “Uma noite no mar”, presente no Museu Marítimo de Ílhavo até ao dia 30 de Setembro.

25 de Agosto de 2018 às 14:00
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"Uma noite no mar"
Museu Marítimo de Ílhavo
Fotografias de Alfredo Cunha

É uma espécie de vida curta, delicada, frágil e muito sensível a alterações climáticas. Falamos da sardinha, que historicamente é a grande pescaria portuguesa. Numa noite de véspera de São João, o fotojornalista Alfredo Cunha partiu de Matosinhos, embarcou na traineira "Henrique Cambola" com os homens do mar e foi registar os movimentos dos pescadores, das suas redes e pescados. O resultado está na exposição "Uma noite no mar", presente no Museu Marítimo de Ílhavo até ao dia 30 de Setembro.


"A pesca da sardinha é uma saga humana pouco mais do que invisível. Ocultada pelo imaginário épico que costumamos associar às pescas longínquas no Atlântico Norte e no Atlântico Sul - bacalhau e pescada -, a sardinha só é objecto de lembrança quando, ciclicamente, há notícia de naufrágios e de vidas perdidas no mar, ou quando se reabrem debates efémeros em torno da escassez do recurso", escreve, no catálogo da exposição, Álvaro Garrido, consultor do Museu Marítimo de Ílhavo e professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.


"Por se tratar de uma pesca costeira ou do largo, julga-se que os trabalhos e as horas dos homens que vão a bordo e que da sardinha vivem são menos cruéis do que o labor da grande pesca ou das fainas épicas do mar português. São inúmeros os testemunhos literários, do cinema e das artes plásticas, nomeadamente as criações de estrangeiros, sobre as pescas do bacalhau, do atum e da baleia", refere Álvaro Garrido. "A própria 'arte de xávega', cuja etnografia humana mantém uma relação tensa com o turismo e ameaça a sustentabilidade, despertou múltiplos olhares de fora e documentos visuais que o cinema novo consagrou", acrescenta. "A pesca da sardinha é uma realidade muito mais oculta, anti-épica, mas nem por isso menos dramática e profundamente humana, mesmo na era dos aparelhos electrónicos que invadiram a casa do leme". 


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