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O que se diz lá fora da crise política em Portugal? "Governo à beira do colapso"
A votação da moção de confiança ao Governo de Luís Montenegro está a ser acompanhada de perto pela imprensa internacional. O Financial Times e a Reuters antecipam um colapso, enquanto o El País adianta que por cá "ninguém quer convocar eleições antecipadas".
Num calendário repleto de eleições pela Europa fora em 2025, há mais um país que pode vir a juntar-se a esta lista: Portugal. A polémica em torno da Spinumviva instalou por cá uma nova crise política, com o Governo de Luís Montenegro a resistir a duas moções de censura, mas a - tudo indica - cair com uma moção de confiança que o próprio apresentou.
"Uma provável derrota", antecipa a Reuters sobre a votação que vai decorrer na tarde desta terça-feira, 11 de março, e que "parece destinada a ser rejeitada". A caminho das terceiras legislativas em quatro anos, a agência destacou ainda o "cansaço" e a "desilusão" dos eleitores com a política em Portugal.
"Isto parece uma piada, ninguém entende porque é que há novas eleições tão cedo. Os políticos culpam-se uns aos outros, mas todos eles estão a ser irresponsáveis", disse um cidadão em declarações à Reuters. Aliás, a preferência dos portugueses não mudou assim tanto desde as últimas eleições de há um ano, sublinha a agência.
"Um país onde ninguém quer convocar eleições antecipadas". É o que escreve o diário espanhol El País, ressalvando que, muito provavelmente, é o que irá acontecer. "As terceiras desde 2022. Uma por ano", sublinha o jornal.
O Financial Times considera que o Governo minoritário da direita, no poder há 11 meses, está "à beira do colapso", numa época especialmente sensível com a pressão para aumentar os gastos do país com a defesa e o "sentimento anti-imigração" que "energizou a extrema direita". É para estes temas que o foco do jornal britânico vai.
"Engolido por uma tempestade", o "escândalo" que envolve agora o ainda primeiro-ministro veio "reforçar a perceção pública de corrupção generalizada na política portuguesa", escreve. O FT cita ainda Paula Espírito Santo, professora de ciência política na Universidade de Lisboa, que acredita que Montenegro "lidou mal" com a situação "ao não vender ou fechar a consultoria quando se tornou líder do partido em 2022", acrescentando que o primeiro-ministro "reagiu aos eventos" ao invés de estar à frente deles.
A Bloomberg escreve que o "Governo de Portugal está prestes a ser derrubado num voto de confiança" e volta-se para as consequências económicas que eleições antecipadas podem trazer, como o atraso do plano de privatização da TAP e os investimentos na alta velocidade.