Notícia
E se erguêssemos uma parede só pelo prazer de a derrubar?
O que seria do teatro sem encenadores? Entre a dúvida que nasce da estrutura de "Perplexos", lá se chega a uma conclusão. Nesta festa, o absurdo é um ponto de partida para o pensamento.
Perplexos
A peça encenada por Cristina Carvalhal está no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, até este domingo, 6 de maio.
O que fazem, sentados no mesmo sofá, um viking, um esquiador, um alce e um vulcão? Uma autêntica festa, repleta de boa disposição. Bem ao estilo de "Perplexos", agora em cena no São Luiz Teatro Municipal em Lisboa.
O quadro parece-nos estranho, a roçar deliberadamente o absurdo. Contudo, a esta altura da narrativa o espectador já se habituou ao modo como a história se desenrola. Uma mesma sala, dois homens, duas mulheres. A cada apagar de luz ou saída de cena, a relação entre eles muda.
Os casais transformam-se em pais, filhos, amas ou senhorias com passados nazis. Fogem todos à regra, à normalidade, e deixam-nos uma expressão de estranheza no rosto. "Perplexos" parece não ter rumo, ter-se perdido na pura lógica do divertimento - o que também não seria propriamente mau.
Cada cena obriga praticamente a esquecer a anterior e a seguir em frente. Até que o final define o propósito do espectáculo. Uma actriz (Sara Carinhas) começa a questionar o seu papel no meio da história. À sua volta, os cenários começam a mover-se, a arrumar-se, até o palco ficar vazio. O teatro põe em evidência o seu modelo de construção, não por uma mera fórmula do teatro dentro do teatro, mas antes para colocar uma questão importante: qual é, na verdade, o papel do encenador?
A certa altura, os actores acabam por revelar que o encenador está ausente desde o início. Falta essa figura divina, capaz de organizar o caos com as suas indicações. A desorganização que se desenrolou até aí ganha, de repente, um motivo. Na história de "Perplexos" nunca houve um encenador. A peça, em si, pelo contrário, conta com esse dedo de Cristina Carvalhal, que a orquestra com simplicidade.
Nuno Nunes, Pedro Lacerda, Sara Carinhas e Sílvia Filipe sabem o que fazem em palco. As suas personagens, que mantêm o nome dos actores, é que nem por isso. É nessa desorientação que nasce o riso, a graça da peça escrita pelo alemão Marius Von Mayenburg.
Não por várias vezes é questionada a existência da chamada "quarta parede" ou a parede invisível do teatro. O palco fecha-se sobre si próprio. Em qualquer dos casos, num cenário em que se equaciona a existência de espectadores, o melhor é mesmo cantar uma canção de embalar. Para que o público saiba que nada disto foi mais do que um sonho.
A peça encenada por Cristina Carvalhal está no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, até este domingo, 6 de maio.
O que fazem, sentados no mesmo sofá, um viking, um esquiador, um alce e um vulcão? Uma autêntica festa, repleta de boa disposição. Bem ao estilo de "Perplexos", agora em cena no São Luiz Teatro Municipal em Lisboa.
Os casais transformam-se em pais, filhos, amas ou senhorias com passados nazis. Fogem todos à regra, à normalidade, e deixam-nos uma expressão de estranheza no rosto. "Perplexos" parece não ter rumo, ter-se perdido na pura lógica do divertimento - o que também não seria propriamente mau.
Cada cena obriga praticamente a esquecer a anterior e a seguir em frente. Até que o final define o propósito do espectáculo. Uma actriz (Sara Carinhas) começa a questionar o seu papel no meio da história. À sua volta, os cenários começam a mover-se, a arrumar-se, até o palco ficar vazio. O teatro põe em evidência o seu modelo de construção, não por uma mera fórmula do teatro dentro do teatro, mas antes para colocar uma questão importante: qual é, na verdade, o papel do encenador?
A certa altura, os actores acabam por revelar que o encenador está ausente desde o início. Falta essa figura divina, capaz de organizar o caos com as suas indicações. A desorganização que se desenrolou até aí ganha, de repente, um motivo. Na história de "Perplexos" nunca houve um encenador. A peça, em si, pelo contrário, conta com esse dedo de Cristina Carvalhal, que a orquestra com simplicidade.
Nuno Nunes, Pedro Lacerda, Sara Carinhas e Sílvia Filipe sabem o que fazem em palco. As suas personagens, que mantêm o nome dos actores, é que nem por isso. É nessa desorientação que nasce o riso, a graça da peça escrita pelo alemão Marius Von Mayenburg.
Não por várias vezes é questionada a existência da chamada "quarta parede" ou a parede invisível do teatro. O palco fecha-se sobre si próprio. Em qualquer dos casos, num cenário em que se equaciona a existência de espectadores, o melhor é mesmo cantar uma canção de embalar. Para que o público saiba que nada disto foi mais do que um sonho.