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Primeiro Balanço Global da ONU mostra mundo “fora de rota” no combate às alterações climáticas

Relatório servirá de base de discussão à próxima Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), a ter lugar no Dubai em novembro.

11 de Setembro de 2023 às 08:51
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Quase oito anos depois de 193 Estados e a União Europeia terem aderido ao Acordo de Paris, o mundo não está no caminho certo para cumprir os objetivos de longo prazo estabelecidos, revela o Primeiro Balanço Global da ONU.

O relatório avalia o progresso coletivo que os países fizeram para alcançar os objetivos do Acordo de Paris, nomeadamente de limitar o aumento da temperatura global, a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, entre outros objetivos, e servirá de base de discussão à próxima Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), a ter lugar no Dubai em novembro.

O Relatório da ONU sobre Alterações Climáticas do ano passado revelou que os atuais compromissos climáticos dos países vão levar a um aquecimento de 2,5°C até ao final do século. O Balanço Global da ONU não só avaliará o progresso coletivo no cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris, mas também destaca onde se está a falhar, apelando a um compromisso com uma ação decisiva. Isto ajudará os decisores políticos a identificar onde é necessária uma ação mais forte em matéria de alterações climáticas e a tomar o rumo certo.

"Exorto os governos a estudarem cuidadosamente as conclusões do relatório e, em última análise, a compreenderem o que significa para eles e as medidas ambiciosas que devem tomar a seguir. O mesmo se aplica às empresas, comunidades e outras partes interessadas importantes. Embora o papel catalisador do Acordo de Paris e do processo multilateral continue a ser vital nos próximos anos, o balanço global é um momento crítico para uma maior ambição e para acelerar a ação", afirma Simon Stiell, secretário executivo da ONU para as Alterações Climáticas.

O relatório resume 17 conclusões principais das deliberações técnicas de 2022 e 2023 sobre o estado de aplicação do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas e os seus objetivos a longo prazo, com base nas melhores informações científicas. E concluiu que, em todos os domínios, desde a atenuação dos impactos das alterações climáticas até à resolução das perdas e danos, "há muito mais a fazer".

"Este relatório de balanço global fornece uma orientação clara sobre a forma como podemos satisfazer as expectativas do Acordo de Paris, tomando medidas decisivas nesta década crítica", afirma o presidente designado da COP28, o sultão Al Jaber. "Para manter o 1,5 ao nosso alcance, temos de atuar com ambição e urgência para reduzir as emissões em 43% até 2030.

É por isso que a Presidência da COP28 apresentou uma agenda de ação ambiciosa centrada na aceleração de uma transição energética justa e bem gerida que não deixe ninguém para trás, na fixação do financiamento climático, na concentração na vida e nos meios de subsistência das pessoas e na plena inclusão de todos". Nesta linha, o presidente designado da COP28 acredita que "podemos conseguir tudo isto ao mesmo tempo que criamos um crescimento económico sustentável para os nossos povos, mas temos de interromper urgentemente o business as usual e unirmo-nos como nunca antes para passar da ambição à ação e da retórica aos resultados reais".

Em reação ao relatório, Kaisa Kosonen, coordenadora de políticas da Greenpeace International, afirmou que "a nossa casa está a arder e as pessoas que têm o poder de nos salvar continuam a beber café e a fingir que não está a acontecer. 

"Nenhum governo pode afirmar que não sabia como resolver o problema do clima. Os cientistas têm-lhes atirado um salva-vidas vezes sem conta, e agora temos este relatório. O que o mundo está à espera é de ação, de liderança. Precisamos que os maiores atores usem o seu poder para evitar o caos climático e que usem os seus músculos para proteger a vida humana em vez de proteger as empresas poluidoras", acrescentou a ativista.

 

 

 

 

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