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Portugueses entre os mais informados sobre consequências das alterações climáticas

Novo inquérito do BEI constata também que os europeus com mais de 30 anos compreendem melhor as alterações climáticas do que as gerações mais jovens.

08 de Julho de 2024 às 10:02
A situação de seca em Espanha é a mais grave desde que há registos.
Albert Gea/Reuters
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Os portugueses estão entre os mais informados sobre as consequências das alterações climáticas na União Europeia (UE), segundo um inquérito do Banco Europeu de Investimento (BEI) divulgado nesta segunda-feira.

Os inquiridos portugueses ocupam o quarto lugar na UE27 (pontuação de 6,90/10), o que os coloca muito acima da média da UE, de acordo com o inquérito.

O conhecimento da definição e das causas das alterações climáticas entre os inquiridos portugueses também é superior à média da UE (7,62/10 em comparação com 7,21/10).

Embora os inquiridos portugueses demonstrem compreender as causas e as consequências das alterações climáticas, o seu conhecimento das soluções é menor. Esta conclusão está em consonância com os resultados obtidos em toda a Europa. Uma grande parte dos inquiridos portugueses não sabia que a redução dos limites de velocidade nas estradas (79 %) ou um melhor isolamento dos edifícios (63 %) podem ajudar a combater as alterações climáticas, constata o BEI.

Para avaliar a compreensão do público sobre as alterações climáticas em Portugal, a sexta edição do Inquérito BEI sobre o Clima centra-se no conhecimento das pessoas sobre as alterações climáticas em três áreas principais: definições e causas, consequências e soluções. Os participantes responderam a 12 perguntas e foram classificados numa escala de 0 a 10, sendo que 10 indica o nível mais elevado de conhecimento.

A maioria dos inquiridos portugueses (80 %) identificou corretamente os EUA, a China e a Índia como os maiores emissores de gases com efeito de estufa a nível mundial.

Mais de três quartos (79 %) também não têm dúvidas de que as principais causas das alterações climáticas são as atividades humanas, por exemplo, a desflorestação, a agricultura, a indústria e os transportes. Menos de um quarto dos inquiridos pensam o contrário (12 % acreditam que as alterações climáticas são causadas por fenómenos naturais extremos, tais como erupções vulcânicas e ondas de calor, enquanto 9% acreditam que são causadas pelo buraco na camada de ozono).

O Inquérito sobre o Clima do BEI inquiriu mais de 30 mil pessoas em 35 países, incluindo os Estados-Membros da UE, o Reino Unido, os Estados Unidos, a China, o Japão, a Índia e o Canadá.

Quando questionados sobre as consequências das alterações climáticas, os portugueses obtiveram uma pontuação de 8,67/10, bastante acima da média europeia de 7,65/10. Nomeadamente, 93% dos inquiridos sabem que as alterações climáticas têm um impacto negativo na saúde humana.

A subida do nível do mar também é reconhecida por 85 % dos inquiridos portugueses. Apenas 6 % acreditam que está a diminuir e 9 % afirmam que as alterações climáticas não têm um impacto específico no nível do mar.

Mais de três quartos (79 %) dos inquiridos consideram que as alterações climáticas contribuem para a migração global devido a deslocações forçadas.

No que respeita às soluções para as alterações climáticas, os inquiridos portugueses (pontuação de 4,40/10 face a 4,25 de média da UE) revelam um menor conhecimento do que o demonstrado nas outras duas vertentes (causas e consequências), o que está em consonância com uma tendência europeia mais ampla, em que a maioria dos países obtém classificações baixas neste aspeto.

Os resultados do inquérito revelam que 82 % dos inquiridos (10 pontos acima da média da UE) sabem que a utilização de produtos passíveis de reciclagem pode ajudar a atenuar as alterações climáticas. Setenta e sete por cento (77 %) mencionam corretamente que a utilização de transportes públicos em vez de automóveis particulares está no caminho certo.

Apenas uma minoria (37 %) considera que um melhor isolamento dos edifícios ou a compra menos frequente de roupa nova (37 %) também podem ajudar.

 

Fosso geracional

Os conhecimentos sobre as alterações climáticas variam consoante a idade. Na União Europeia, os inquiridos com mais de 30 anos obtiveram uma pontuação global mais elevada (6,47/10) do que os inquiridos com menos de 30 anos (5,99/10).

Por exemplo, 74% dos inquiridos com mais de 30 anos reconhecem a importância da reciclagem de produtos, em comparação com 66% dos inquiridos mais jovens. Existe uma "disparidade notável" no conhecimento sobre os benefícios do isolamento dos edifícios para combater as alterações climáticas, com 48% dos inquiridos com mais de 30 anos a terem conhecimento deste facto, em comparação com apenas 30% dos inquiridos com menos de 30 anos. 27% das pessoas com mais de 30 anos compreendem os benefícios climáticos da redução dos limites de velocidade nas estradas, em comparação com apenas 20% dos seus homólogos mais jovens.

Em 2023, o compromisso do BEI para com projetos que contribuem para combater as alterações climáticas e apoiam a sustentabilidade ambiental atingiu 746 milhões de euros em Portugal. Entre os exemplos recentes destes investimentos, contam-se a operação de titularização com o Santander para apoiar o financiamento da eficiência energética na reabilitação de edifícios e na construção de edifícios sustentáveis ou o empréstimo verde à REN para melhorar a rede de transporte de eletricidade em Portugal, facilitando a ligação e a integração de fontes de energia renováveis adicionais na rede.

 

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