- Partilhar artigo
- ...
Os portugueses estão entre os mais informados sobre as consequências das alterações climáticas na União Europeia (UE), segundo um inquérito do Banco Europeu de Investimento (BEI) divulgado nesta segunda-feira.
Os inquiridos portugueses ocupam o quarto lugar na UE27 (pontuação de 6,90/10), o que os coloca muito acima da média da UE, de acordo com o inquérito.
O conhecimento da definição e das causas das alterações climáticas entre os inquiridos portugueses também é superior à média da UE (7,62/10 em comparação com 7,21/10).
Embora os inquiridos portugueses demonstrem compreender as causas e as consequências das alterações climáticas, o seu conhecimento das soluções é menor. Esta conclusão está em consonância com os resultados obtidos em toda a Europa. Uma grande parte dos inquiridos portugueses não sabia que a redução dos limites de velocidade nas estradas (79 %) ou um melhor isolamento dos edifícios (63 %) podem ajudar a combater as alterações climáticas, constata o BEI.
Para avaliar a compreensão do público sobre as alterações climáticas em Portugal, a sexta edição do Inquérito BEI sobre o Clima centra-se no conhecimento das pessoas sobre as alterações climáticas em três áreas principais: definições e causas, consequências e soluções. Os participantes responderam a 12 perguntas e foram classificados numa escala de 0 a 10, sendo que 10 indica o nível mais elevado de conhecimento.
A maioria dos inquiridos portugueses (80 %) identificou corretamente os EUA, a China e a Índia como os maiores emissores de gases com efeito de estufa a nível mundial.
Mais de três quartos (79 %) também não têm dúvidas de que as principais causas das alterações climáticas são as atividades humanas, por exemplo, a desflorestação, a agricultura, a indústria e os transportes. Menos de um quarto dos inquiridos pensam o contrário (12 % acreditam que as alterações climáticas são causadas por fenómenos naturais extremos, tais como erupções vulcânicas e ondas de calor, enquanto 9% acreditam que são causadas pelo buraco na camada de ozono).
O Inquérito sobre o Clima do BEI inquiriu mais de 30 mil pessoas em 35 países, incluindo os Estados-Membros da UE, o Reino Unido, os Estados Unidos, a China, o Japão, a Índia e o Canadá.
Quando questionados sobre as consequências das alterações climáticas, os portugueses obtiveram uma pontuação de 8,67/10, bastante acima da média europeia de 7,65/10. Nomeadamente, 93% dos inquiridos sabem que as alterações climáticas têm um impacto negativo na saúde humana.
A subida do nível do mar também é reconhecida por 85 % dos inquiridos portugueses. Apenas 6 % acreditam que está a diminuir e 9 % afirmam que as alterações climáticas não têm um impacto específico no nível do mar.
Mais de três quartos (79 %) dos inquiridos consideram que as alterações climáticas contribuem para a migração global devido a deslocações forçadas.
No que respeita às soluções para as alterações climáticas, os inquiridos portugueses (pontuação de 4,40/10 face a 4,25 de média da UE) revelam um menor conhecimento do que o demonstrado nas outras duas vertentes (causas e consequências), o que está em consonância com uma tendência europeia mais ampla, em que a maioria dos países obtém classificações baixas neste aspeto.
Os resultados do inquérito revelam que 82 % dos inquiridos (10 pontos acima da média da UE) sabem que a utilização de produtos passíveis de reciclagem pode ajudar a atenuar as alterações climáticas. Setenta e sete por cento (77 %) mencionam corretamente que a utilização de transportes públicos em vez de automóveis particulares está no caminho certo.
Apenas uma minoria (37 %) considera que um melhor isolamento dos edifícios ou a compra menos frequente de roupa nova (37 %) também podem ajudar.
Fosso geracional
Os conhecimentos sobre as alterações climáticas variam consoante a idade. Na União Europeia, os inquiridos com mais de 30 anos obtiveram uma pontuação global mais elevada (6,47/10) do que os inquiridos com menos de 30 anos (5,99/10).
Por exemplo, 74% dos inquiridos com mais de 30 anos reconhecem a importância da reciclagem de produtos, em comparação com 66% dos inquiridos mais jovens. Existe uma "disparidade notável" no conhecimento sobre os benefícios do isolamento dos edifícios para combater as alterações climáticas, com 48% dos inquiridos com mais de 30 anos a terem conhecimento deste facto, em comparação com apenas 30% dos inquiridos com menos de 30 anos. 27% das pessoas com mais de 30 anos compreendem os benefícios climáticos da redução dos limites de velocidade nas estradas, em comparação com apenas 20% dos seus homólogos mais jovens.
Em 2023, o compromisso do BEI para com projetos que contribuem para combater as alterações climáticas e apoiam a sustentabilidade ambiental atingiu 746 milhões de euros em Portugal. Entre os exemplos recentes destes investimentos, contam-se a operação de titularização com o Santander para apoiar o financiamento da eficiência energética na reabilitação de edifícios e na construção de edifícios sustentáveis ou o empréstimo verde à REN para melhorar a rede de transporte de eletricidade em Portugal, facilitando a ligação e a integração de fontes de energia renováveis adicionais na rede.