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Numa escala de um a cinco, Portugal integra a segunda posição mais grave com uma potencial redução de PIB entre 2% a 5%, segundo um novo estudo de modelação publicado na revista Scientific Reports.
Segundo o estudo "Distribuição dos prejuízos económicos devidos à subida do nível do mar provocada pelo clima nas regiões e setores europeus, os danos causados pela subida do nível do mar poderão custar às economias da União Europeia (UE) e do Reino Unido um total de 872 mil milhões de euros até ao final do século (1,26% do PIB), em comparação com um cenário sem subida do nível do mar.
Os autores observaram diferenças regionais nos impactos económicos da subida do nível do mar, com a maioria das perdas económicas - até 21% do produto interno bruto (PIB) regional até 2100 - concentrada em regiões costeiras como Veneto e Emilia-Romagna, em Itália, e Zachodniopomorskie, na Polónia. Outras regiões que podem sofrer perdas económicas relativamente elevadas concentraram-se em torno do Mar Báltico, costa belga, França ocidental e Grécia. "A comparação de um cenário extremo com um cenário de base sem impacto climático sugere uma perda do PIB de 1,26% para toda a UE e o Reino Unido. Por outro lado, as nossas avaliações mais pormenorizadas mostram que algumas regiões costeiras perdem 9,56-20,84% do PIB, revelando disparidades regionais notáveis".
No entanto, os autores constataram que as regiões do interior - como Alemanha, Áustria e Hungria - registam ganhos económicos de até 1% do PIB regional até 2100. Os autores concluem que este facto se deve à deslocalização da produção das regiões costeiras inundadas para as regiões do interior. "As regiões do interior crescem devido à procura deslocada das zonas costeiras, mas os ganhos do PIB são pequenos (0-1,13%)", assinala o estudo.
A recuperação beneficia o setor da construção, mas os serviços públicos e a indústria enfrentam quebras significativas. "Dar prioridade à recuperação de setores críticos a nível local reduz as perdas maciças do PIB regional, com custos negligenciáveis para a economia europeia em geral", sublinham os analistas. Por isso, recomendam haver "necessidade de políticas de adaptação específicas para cada região, que tenham em conta os impactos geográficos desiguais e os perfis setoriais únicos para informar a conceção de estratégias resilientes".
Ignasi Cortés Arbués, Theodoros Chatzivasileiadis, Tatiana Filatova e colegas modelaram os potenciais impactos económicos da subida do nível do mar em 271 regiões europeias até 2100, num cenário de emissões elevadas e sem novas medidas de proteção costeira implementadas após 2015.
Combinaram um modelo económico previamente desenvolvido com dados sobre os impactos previstos da subida do nível do mar, as tendências de investimento e a distribuição das perdas económicas causadas por 155 inundações em toda a Europa entre 1995 e 2016.
Estimaram as potenciais perdas e ganhos económicos em comparação com um cenário sem subida do nível do mar e com um crescimento económico anual de 2% em todas as regiões. Também modelaram o impacto de investimentos específicos em diferentes setores económicos nas economias regionais após a subida do nível do mar.