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A eliminação do carvão como fonte de energia não está a acontecer suficientemente depressa para manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC, como dita o Acordo de Paris, estando a caminho dos 2,5ºC - 3ºC, concluem investigadores da Universidade de Tecnologia de Chalmers e da Universidade de Lund, na Suécia.
"Cada vez mais países prometem eliminar gradualmente o carvão dos seus sistemas energéticos, o que é positivo. Mas infelizmente os seus compromissos não são suficientemente fortes. Se quisermos ter uma hipótese realista de atingir o objetivo dos 2ºC, a eliminação gradual do carvão tem de acontecer rapidamente", diz Aleh Cherp, professor no Instituto Internacional de Economia Ambiental Industrial da Universidade de Lund.
O estudo analisou compromissos de 72 países para a eliminação gradual da energia do carvão até 2050 e concluiu que são semelhantes e em linha com os dados históricos sobre a rapidez com que a energia do carvão foi gradualmente eliminada no passado.
Na melhor das hipóteses, os investigadores mostram que é possível que o aumento da temperatura se mantenha abaixo dos 2ºC. Mas isso pressupõe, entre outras coisas, que tanto a China como a Índia comecem a eliminar gradualmente a sua utilização de carvão no prazo de cinco anos.
Além disso, essa eliminação gradual terá de ser mais rápida do que alguma vez foi historicamente observado em países individuais ou prometido pelos líderes climáticos. Ou tão rápida como tem sido no Reino Unido, que é a eliminação mais rápida que alguma vez aconteceu num grande país, segundo os investigadores. E isto pode criar desigualdades que terão de ser resolvidas por políticas internacionais, acrescentam.
"Os compromissos dos países não são suficientes, nem mesmo entre os países mais ambiciosos". Além disso, a invasão da Rússia à Ucrânia pode impedir alguns países de eliminar gradualmente o carvão, como prometeram", sublinha Jessica Jewell, professora da Universidade de Tecnologia de Chalmers.
O fim da utilização da energia do carvão é uma medida chave para a mitigação das alterações climáticas. A experiência histórica de países indica taxas viáveis de eliminação progressiva do carvão. Porém, segundo o estudo, muitas das 72 promessas nacionais de abandono progressivo da produção de carvão esfumaram-se devido a contextos socioeconómicos mais desafiantes e cobrem agora 17% da frota mundial de produção de carvão, mas o seu impacto nas emissões (até 4,8 Gt CO2 evitado até 2050) continua a ser pequeno em comparação com o que é necessário para atingir os objetivos climáticos de Paris.
A análise refere que até 10% das promessas foram enfraquecidas pela crise energética causada pela guerra na Ucrânia.