Outros sites Medialivre
Notícia

Julho bate recorde de calor com “impactos devastadores” a nível global

Organização Meteorológica Mundial indica que vários pontos do globo bateram recordes de temperatura em julho, colocando em risco o bem-estar das populações.

08 de Agosto de 2024 às 11:48
  • Partilhar artigo
  • ...

O calor extremo atingiu centenas de milhões de pessoas durante o mês de julho, com um efeito dominó sentido em toda a sociedade. Registou-se o dia mais quente do mundo de que há registo recente – a 22 de julho – demonstrando que os gases com efeito de estufa (GEE) provenientes das atividades humanas estão a alterar o clima, indica a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

As temperaturas médias globais durante 13 meses consecutivos (de junho de 2023 a junho de 2024) estabeleceram novos recordes mensais. Os dados de julho são provenientes de conjuntos de dados reconhecidos pela OMM.

A OMM sublinha a urgência do Apelo à Ação sobre o Calor Extremo lançado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que afirmou que "a Terra está a tornar-se mais quente e mais perigosa para todos, em todo o lado".

"Ondas de calor generalizadas, intensas e prolongadas atingiram todos os continentes no ano passado. Pelo menos dez países registaram temperaturas diárias de mais de 50° C em mais do que um local. Isto está a tornar-se demasiado quente para aguentar", afirma, por sua vez, a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.

O Vale da Morte, na Califórnia, registou uma temperatura média mensal recorde de 42,5 °, "possivelmente um novo recorde observado em qualquer parte do mundo. Até os remotos lençóis de gelo congelado da Antártida têm sentido o calor", assinala Celeste Saulo.

A OMM utiliza um total de seis conjuntos de dados internacionais para a sua monitorização do clima e para o relatório anual sobre o estado do clima. As razões para o pico de temperaturas elevadas estão a ser analisadas.

De acordo com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus, um dos fatores que contribuíram para este fenómeno foram as temperaturas muito acima da média em grande parte da Antártida, com anomalias superiores a 10°C em algumas zonas e temperaturas acima da média em partes do Oceano Antártico.

Embora a variabilidade climática natural possa desempenhar um papel importante, anomalias de temperatura tão grandes são invulgares, diz a OMM. É a segunda onda de calor deste tipo que atinge o continente nos últimos dois anos e uma onda de calor semelhante contribuiu para o recorde de temperaturas globais no início de julho de 2023. A extensão diária do gelo marinho da Antártida em junho de 2024 foi a segunda mais baixa de que há registo, depois de 2023, de acordo com o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos EUA.

Na Europa, muitas zonas do Mediterrâneo e dos Balcãs foram atingidas por ondas de calor prolongadas em julho, causando vítimas e afetando a saúde pública. Segundo um estudo efetuado por cientistas da World Weather Attribution, a vaga de calor no Mediterrâneo - Grécia, Itália, Espanha, Portugal, França e Marrocos - não teria ocorrido sem as alterações climáticas induzidas pelo homem.

Vários países, incluindo a Grécia, a Hungria, a Eslovénia, a Croácia e a Bulgária, registaram o mês de julho mais quente de que há registo. Nos últimos quatro anos, a Grécia registou três dos quatro meses de julho mais quentes dos últimos 80 anos, pelo menos.

Em Espanha, o Observatório Fabra de Barcelona registou um novo recorde de temperatura máxima de 40,0 ºC.

França não teve um mês excecional, mas registou a sua primeira vaga de calor do ano no final do mês, o que afetou o bem-estar dos atletas e dos espectadores dos Jogos Olímpicos de Paris.

Nos Estados Unidos da América, cerca de 165 milhões de pessoas (metade da população dos EUA) estavam sob alerta de calor em 1 de agosto. Durante os últimos 30 dias, foram batidos mais de 80 recordes de temperatura.

Foi registada uma temperatura média mensal de 42,5 °C em Furnace Creek/Death Valley, o que constitui um recorde para o local e possivelmente para o mundo, salienta a OMM.

O Vale da Morte é considerado o local mais quente do planeta, tendo a temperatura diária mais elevada, 56,7 °C, sido observada em 10 de julho de 1913, de acordo com o Arquivo de Extremos Meteorológicos e Climáticos da OMM.

A OMM relata também que, na China, julho foi o mês mais quente de que há registo, desde 1961. A temperatura média mensal do Japão em julho foi a mais elevada de que há registo instrumental desde 1898 (2,16 °C mais quente do que a média japonesa de julho de 1991-2020), batendo o recorde estabelecido no ano passado.

 

 

 

 

Mais notícias