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Há um "grande potencial” na utilização de resíduos para novas fontes de energia

Maioria dos biocombustíveis produzidos em Portugal tem origem em óleos alimentares, segundo dados da Associação de Bioenergia Avançada.

02 de Março de 2023 às 09:26
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Cerca de 68% dos biocombustíveis produzidos em Portugal, em 2022, tiveram origem em óleos alimentares usados, segundo o mais recente relatório da Associação de Bioenergia Avançada (ABA).

Além destes óleos, são também aproveitados para fazer biocombustível resíduos de molhos e margarinas fora de prazo, assim como de outras gorduras ou borras de café. "Há um grande potencial em diferentes resíduos para a sua transformação em novas fontes de energia, sobretudo na mobilidade", disse Ana Calhôa, secretária-geral da ABA, ao Negócios.

Os resíduos orgânicos também entram nesta equação, sobretudo porque, a partir de 31 de dezembro de 2023, no território nacional, será obrigatória a recolha de resíduos orgânicos. "Através da recolha, tratamento e transformação de resíduos, é possível valorizá-los enquanto uma matéria-prima com impacto positivo no ambiente, já que os biocombustíveis de resíduos e outros avançados não só têm uma emissão de GEE 83% a 98% menor que os combustíveis fósseis, como também porque preservam o ecossistema do descarte incorreto destas matérias ou do seu desperdício em aterros", acrescenta Ana Calhôa.

De acordo com o recente relatório da ABA, registou-se um aumento tanto da produção como da incorporação de biocombustíveis em Portugal. No final do primeiro semestre de 2022, os dados recolhidos evidenciam oportunidades de crescimento para o setor.

Em termos de matérias-primas utilizadas para produção destes biocombustíveis de resíduos, destacam-se os óleos alimentares usados - os 68% já referidos - que representam um crescimento de 8% face ao ano anterior .

Segundo o estudo, no total, em 2022, os óleos alimentares usados e as matérias-primas avançadas representaram 80% das matérias-primas utilizadas na produção de biocombustíveis, "o que nos apresenta um cenário bastante positivo e favorável para que estes continuem a ganhar destaque no panorama das alternativas energéticas na mobilidade", destaca a secretária-geral, sublinhando que "com um impacto positivo no ambiente e na valorização de resíduos, este tipo de biocombustíveis são um importante aliado para a transição do setor".

Ainda, salienta a responsável, a incorporação de biocombustíveis nos combustíveis fósseis hoje em dia "é muito reduzida para o potencial que têm", uma vez que apenas 7% de biocombustíveis são incorporados no gasóleo e 5% na gasolina. "Mas temos potencial para incorporar bastante mais, ajudando assim Portugal a substituir grande parte do seu combustível fóssil por outras soluções sustentáveis e que promovem em simultâneo a economia circular", acrescenta.

A partir de 2035 não será permitido comercializar carros a combustão na União Europeia. Porém, para Ana Calhôa, tal não significa que os biocombustíveis tenham um prazo de validade, na medida em que "os biocombustíveis têm mais potencial além da mobilidade", nomeadamente "valorizando esta fonte de energia sustentável para diferentes fins além da mobilidade, seja ao nível da indústria, consumo doméstico ou comercial".

Ainda assim, e de acordo com os dados mais recentes da ACAP - Associação Automóvel de Portugal, para 2022, os veículos ligeiros têm uma idade média de 13,4 anos, "pelo que é importante continuar a valorizar os biocombustíveis como solução sustentável para a mobilidade. Acreditamos que é no mix energético, na combinação de diferentes alternativas, que está a mobilidade do futuro, sustentável para o ambiente e para os consumidores", finaliza.

 

 

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