- Partilhar artigo
- ...
Helena Pereira, presidente do Conselho Diretivo da FCT e presidente do júri nesta categoria, moderou o debate com Adriana Mano, CEO da Zouri Shoes, e Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde.
Em 2020, produziram-se 5 milhões de toneladas de resíduos urbanos entre os quais 200 mil toneladas de têxteis e 64% dos quais foram enterrados, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente avançados por Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, num painel de debate sobre Economia Circular.
A gestora mostrou-se incrédula com a eliminação de recursos quando "há capacidade e tecnologia disponível no mercado para a transformar em matéria-prima". "O país precisava de ter uma revolução grande porque não há economia circular com aterros desta dimensão", alertou. Em 2035, Portugal só poderá enterrar 10% do lixo e terá de encontrar soluções para evitar que se enterrem resíduos, que "são recursos que são ouro, em que estão produtos elétricos e eletrónicos, plástico, papel cartão, vidro, metais". "Estamos numa crise de alumínio no mundo e nós estamos a enterrar alumínio nos aterros", frisou a líder da Sociedade Ponto Verde.
Além disso, Ana Trigo de Morais sublinhou a necessidade de haver referências claras, metas, organização do setor, objetivos claros e accountability. "Quando falamos de economia circular em Portugal não temos um sistema estatístico que nos permita perceber onde é que vamos medir a economia circular, e não conseguimos promover e acelerar se não tivermos também os instrumentos de medição."
A empresa de calçado Zouri Shoes, que produz solas de sapato a partir de lixo marinho que é recolhido na costa portuguesa, também marcou presença no painel. "Dito desta forma parece muito simples, mas o grande desafio da economia circular está muito ligado aos processos industriais que não estão preparados para incorporar resíduos", referiu Adriana Mano, CEO da Zouri Shoes, lembrando que "crescemos a olhar para o lixo como lixo e não como matéria-prima".
Selo de economia circular
Adriana Mano acredita na inovação, na tecnologia, na partilha do conhecimento. "Tudo o que nós fazemos pode ser copiado, é essa a nossa filosofia e a visão para futuro, é que no fundo o conhecimento tem de ser livre para conseguirmos multiplicar. No nosso caso, a nossa tecnologia ou nossa técnica é passível de ser replicada em África, em qualquer sítio, porque é muito simples e era uma coisa que já estava inventada, a mistura de borracha com plástico", afirma.
Linear e circular
"A economia linear fez sentido económico nos últimos séculos, mas este paradigma está a mudar. Se os recursos antes eram considerados ilimitados, hoje são vistos como limitados. A economia circular tem de aliar os interesses das pessoas com os interesses do planeta. Há coisas que fazem sentido a nível ambiental, mas não a nível económico e isso tem sido a tragédia da sustentabilidade nos últimos séculos", declarou Joan Marc Simon, diretor executivo da Zero Waste Europe, na abertura do painel.
Os legumes "feios"
O aproveitamento dos chamados legumes "feios", usados pelos supermercados Pingo Doce para fazer sopas, saladas e refeições e que representam cerca de 20% da produção, foram premiados na edição do ano passado, tendo apresentado o seu case study. Nesta cadeia, foram aproveitadas para markdown 7900 toneladas de produto em 2021 (em 2019 tinha sido 1.100 toneladas), revelou Tiago Gama Silva.
Em 2020, produziram-se 5 milhões de toneladas de resíduos urbanos entre os quais 200 mil toneladas de têxteis e 64% dos quais foram enterrados, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente avançados por Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, num painel de debate sobre Economia Circular.
A gestora mostrou-se incrédula com a eliminação de recursos quando "há capacidade e tecnologia disponível no mercado para a transformar em matéria-prima". "O país precisava de ter uma revolução grande porque não há economia circular com aterros desta dimensão", alertou. Em 2035, Portugal só poderá enterrar 10% do lixo e terá de encontrar soluções para evitar que se enterrem resíduos, que "são recursos que são ouro, em que estão produtos elétricos e eletrónicos, plástico, papel cartão, vidro, metais". "Estamos numa crise de alumínio no mundo e nós estamos a enterrar alumínio nos aterros", frisou a líder da Sociedade Ponto Verde.
Além disso, Ana Trigo de Morais sublinhou a necessidade de haver referências claras, metas, organização do setor, objetivos claros e accountability. "Quando falamos de economia circular em Portugal não temos um sistema estatístico que nos permita perceber onde é que vamos medir a economia circular, e não conseguimos promover e acelerar se não tivermos também os instrumentos de medição."
A empresa de calçado Zouri Shoes, que produz solas de sapato a partir de lixo marinho que é recolhido na costa portuguesa, também marcou presença no painel. "Dito desta forma parece muito simples, mas o grande desafio da economia circular está muito ligado aos processos industriais que não estão preparados para incorporar resíduos", referiu Adriana Mano, CEO da Zouri Shoes, lembrando que "crescemos a olhar para o lixo como lixo e não como matéria-prima".
Selo de economia circular
Adriana Mano acredita na inovação, na tecnologia, na partilha do conhecimento. "Tudo o que nós fazemos pode ser copiado, é essa a nossa filosofia e a visão para futuro, é que no fundo o conhecimento tem de ser livre para conseguirmos multiplicar. No nosso caso, a nossa tecnologia ou nossa técnica é passível de ser replicada em África, em qualquer sítio, porque é muito simples e era uma coisa que já estava inventada, a mistura de borracha com plástico", afirma.
A economia circular em Portugal é uma buzzword, não há uma estratégia. Adriana Mano, CEO da Zouri Shoes
Quando falamos de economia circular em Portugal não temos um sistema estatístico que nos permita perceber onde é que vamos medir a economia circular, e não conseguimos promover e acelerar se não tivermos também os instrumentos de medição. Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde
Se os recursos antes eram considerados ilimitados, hoje são vistos como limitados. A economia circular tem de aliar os interesses das pessoas com os interesses do planeta. Joan Marc Simon, Diretor executivo da Zero Waste Europe
No entanto, para a fundadora da Zouri Shoes, "a economia circular em Portugal é uma buzzword". "Gostamos de falar dela, mas em termos práticos não há uma estratégia." Refere, por exemplo, que o Estado poderia estimular este setor baixando o IVA dos produtos de uma empresa que produz em Portugal, é sustentável e respeita os valores ambientais. Por outro lado, lamentou, Portugal é dos poucos países em que não existe a figura de empresa social, "que permitiria diferenciar uma empresa convencional de uma empresa com indicadores claros de impacto social". Por sua vez Helena Pereira, presidente do Conselho Diretivo da FCT e moderadora do debate, sugeriu a criação de um selo de economia circular.Linear e circular
"A economia linear fez sentido económico nos últimos séculos, mas este paradigma está a mudar. Se os recursos antes eram considerados ilimitados, hoje são vistos como limitados. A economia circular tem de aliar os interesses das pessoas com os interesses do planeta. Há coisas que fazem sentido a nível ambiental, mas não a nível económico e isso tem sido a tragédia da sustentabilidade nos últimos séculos", declarou Joan Marc Simon, diretor executivo da Zero Waste Europe, na abertura do painel.
Os legumes "feios"
O aproveitamento dos chamados legumes "feios", usados pelos supermercados Pingo Doce para fazer sopas, saladas e refeições e que representam cerca de 20% da produção, foram premiados na edição do ano passado, tendo apresentado o seu case study. Nesta cadeia, foram aproveitadas para markdown 7900 toneladas de produto em 2021 (em 2019 tinha sido 1.100 toneladas), revelou Tiago Gama Silva.