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COP28. "Temos o poder de fazer algo sem precedentes"

Na cerimónia de abertura da COP28, o sultão Al Jaber apelou a uma decisão sobre o Global Stocktake e a consensos globais sobre as várias matérias de clima em discussão até 12 de dezembro. Chefes de Estado e de Governo discursam entre 1 e 2 de dezembro.

30 de Novembro de 2023 às 12:04
O sultão Al Jaber assumiu oficialmente o papel de presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28)
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O sultão Al Jaber assumiu oficialmente o papel de presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), na cerimónia de abertura que teve lugar nesta quinta-feira, apelando aos líderes mundiais para uma ação imediata e ambiciosa sobre o Global Stocktake e um rápido consenso sobre a agenda em discussão até 12 de dezembro no Dubai. "Temos o poder de fazer algo sem precedentes", referiu Al Jaber.

"A ciência falou", disse ainda aos delegados. "Chegou o momento de encontrar uma nova estrada, uma estrada suficientemente larga para todos nós, livre dos obstáculos e desvios do passado. Esse novo caminho começa com uma decisão sobre o Global Stocktake, uma decisão que é ambiciosa, que corrija o rumo e acelere a ação até 2030", defendeu.

O Global Stocktake é o primeiro Balanço Global da ONU feito após o Acordo de Paris em 2015 e vai servir de base de discussão na COP28. É através deste mecanismo que são avaliados os progressos efetuados pelos países e ocorrerá a partir de agora a cada cinco anos. 

No arranque de duas semanas de intensas negociações sobre o clima, o presidente da COP28 lançou um apelo aos delegados para que se unam em torno da agenda de forma a restaurar a fé no multilateralismo. "Comprometo-me a conduzir um processo inclusivo e transparente, que encoraje o debate livre e aberto entre todas as partes", afirmou.

Ensombrando pelas críticas de que tem sido alvo o facto de a COP28 ser realizada no epicentro da produção petrolífera, Al Jaber referiu que "temos grandes ambições e agarramo-nos a princípios como a colaboração, otimismo, verdadeira parceria, determinação e empenho". Princípios esses que "devem definir a COP28".

No seu discurso referiu também a importância de descarbonizar o sistema energético existente. "Que a história reflita sobre o facto de que esta é a presidência que fez uma escolha ousada para se envolver proativamente com as empresas de petróleo e gás. Tivemos muitas discussões. Deixem-me dizer-vos que não foi fácil. Mas agora muitas destas empresas estão a comprometer-se, pela primeira vez, a eliminar as emissões de metano até 2030. E muitas empresas petrolíferas nacionais adotaram pela primeira vez objetivos líquidos nulos para 2050", salientou.

Recorde-se, no entanto, que Al Jaber é CEO da ADNOC, a 11.º maior empresa produtora de O&G do mundo, o que tem motivado muitas críticas de conflito de interesses. No início da semana, uma investigação da BBC revelou que os Emirados Árabes Unidos planeiam usar o seu papel como anfitrião para fechar acordos de petróleo e gás. Questionados pela BBC, os anfitriões não negaram o uso das reuniões da COP28 para negociações de negócios, dizendo que "reuniões privadas são privadas".

No seu discurso, Al Jaber reiterou ainda apelos para colmatar o défice de financiamento da adaptação a nível mundial e instou as partes a cumprirem a promessa de um fundo de perdas e danos totalmente operacional. "Vamos colocar a natureza, as vidas e os meios de subsistência no centro dos nossos planos nacionais. Vamos finalmente enfrentar as questões que são fundamentais para a adaptação, como a água, os alimentos, a agricultura e a saúde", disse o sultão. Acrescentou ainda que "esta presidência está empenhada em desbloquear o financiamento para garantir que o Sul Global não tenha de escolher entre o desenvolvimento e a ação climática".

Discursos mundiais

A agenda da COP está preenchida com diversas decisões a serem tomadas, desde o Global Stocktake aos compromissos climáticos nacionais para reduzir os gases com efeito de estufa - denominados Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) e passando pela questão do financiamento.

Está previsto que os chefes de Estado e de Governo, entre os quais António Costa, discursem entre os dias 1 e 2 de dezembro. Também Úrsula von de Leyen, presidente da Comissão Europeia, e António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, discursarão nestes primeiros dias, sendo que Guterres levará às COP28 as suas conclusões sobre a recente viagem que fez à Antártida. Guterres também lançará a sua Iniciativa para Acelerar a Implantação do Armazenamento de Baterias a Nível Mundial na COP28.

O Papa Francisco, previsto para discursar também nestes primeiros dias, já desmarcou a sua viagem por motivo de doença.

 

 

 

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