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[Espírito] Santo da casa não faz milagres

Habituei-me a ver o Banco Espírito Santo como intocável, à prova de tudo. Não é por acaso que Ricardo Salgado, o seu presidente, era falado como "o dono disto tudo". Tinha poder e exercia-o. Na banca, nas empresas, na sociedade.

 

Chegou o seu tempo. O tempo de sair. É estranho que saia assim, envolto numa guerrilha familiar e numa altura em que as notícias do grupo saltam por irregularidades contabilísticas no Luxemburgo ou por terem posto os clientes a financiarem empresas não financeiras do grupo. Ricardo Salgado mereceria sair em grande. Pelo menos a família deve-lhe isso.

Mas sai numa guerra fratricida, que se adensa com a crise financeira. Ricardo Salgado rejeitou a ajuda pública, quando outros aceitaram. Mas sempre fez gala nisso. Mas agora... Foi precisamente aos poderes públicos que bateu à porta para tentar resolver o caso da Espírito Santo International.

Não há como socorrer-nos dos ditados populares. "Há um pássaro que diz, cá calharás". Uma frase que também me habituei a ouvir.

Uma "lamentável comédia que destruiu a um nível sem precedentes o valor do Banco que geriram; que pôs em causa a credibilidade do sector e do País." Foi assim que Ricardo Salgado classificou o caso BCP, numa carta que escreveu acusando Filipe Pinhal, ex-administrador do banco concorrente, de manchar a reputação da instituição centenária. Na altura, o BES saiu intocável. Como sempre o vi.

As cores começam agora a ser diferentes. O BES é envolvido em lutas de poder. O BES vê-se envolvido em questões financeiras. O BES está em perda de valor accionista. O BES já não é intocável. Afinal, "santos da casa não fazem milagres".

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