Opinião
O lado negro dos trabalhistas britânicos
Está ao rubro a disputa pela liderança do Partido Trabalhista. Jeremy Corbyn tenta manter o posto contra Owen Smith, que se apresenta como um moderado que pretende dar aos trabalhistas uma hipótese de vitória, face ao rumo eventualmente inconsequente do "extremista" Corbyn.
Esta disputa pela liderança está a ficar feia, inclusivamente no campo jurídico. Agora, com um referendo interno à porta, o National Executive Committee do Partido Trabalhista está a tentar limitar o voto dos mais recentes membros, depois de uma campanha do movimento Momentum, associado a Corbyn, ter trazido milhares de novos membros para o partido. A questão chegou a tribunal, que decidiu que todos podem votar sem limitações.
Posição diferente tem o conservador William Hague, no Telegraph, para quem a trapalhada dos trabalhistas não vem de Corbyn, mas sim do desaparecimento da sua habitual base de apoio, os trabalhadores braçais do antigamente. Mais, Owen Smith não é assim tão diferente. "No discurso, Smith é quase tão esquerdista como Corbyn, excepto em matérias de Defesa", afirma, o que dificilmente constitui uma mensagem de mudança.
Outra perplexidade vem mesmo de dentro do campo trabalhista de Corbyn. O seu companheiro de luta, Tom Watson, parece estar a abandonar o barco, defendendo ao Guardian que "há algumas mãos velhas a torcer braços jovens em todos este processo [dos novos membros dos trabalhistas] e não tenho ilusões sobre o que se está a passar". Ou seja, Watson tende a concordar com a posição do NEC de que os novos membros não devem poder votar livremente, o que causaria dificuldades a Corbyn. Que continua a encher comícios e as ruas, mas não consegue pacificar o seu próprio partido.
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