Opinião
O longo regresso à normalidade
Por mero acaso e circunstância feliz, vi Portugal ser campeão europeu junto a Mário Centeno. Celebrámos. No dia seguinte, bem cedo, o ministro das Finanças chegava ao Ecofin de cachecol da vitória. Foi aí que tudo mudou? Não, mas ajudou.
No tempo, pairava no ar a possibilidade de sanções, mais castigos, a Portugal. Centeno não saiu dali Ronaldo, mas apanhou bem o momento único de Éder. E foi suficientemente inteligente para surfar a onda.
A verdade é que depois dessa noite mágica, o diabo recuou aos confins do inferno e o país recuperou credibilidade nos mercados financeiros e políticos. A ponto de Mário Centeno, professor em trabalho, ter-se transformado, certamente com muito trabalho, num político arguto na divergência que habita os conselhos de ministros das Finanças da Europa. Vale o que vale Schäuble encontrar o seu Ronaldo, mas conta.
Claro que houve tempo para o país recuperar níveis de crescimento económico acima da média europeia, sair do procedimento de défice excessivo, deixar o estigma brutal de lixo no "rating" da República, repor, em salários e pensões, o essencial que estava negociado. E, simultaneamente, driblar ímpetos de Mortáguas e Galambas que habitam os labirintos da geringonça.
Este processo de evolução positiva – e em alguns pontos surpreendente – não residiu apenas numa intuição à Éder. Fez-se com peso político em Conselho de Ministros – obviamente com a cobertura do chefe do Governo – e autoridade perante a sofreguidão irresponsável dos parceiros de esquerda. Centeno vergou e domou o Partido Comunista e o Bloco com a cumplicidade reivindicativa de Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. No fundo, são eles, num registo que parece sempre paradoxal, os seus grandes aliados.
Eles sabem que o povo sabe que houve, há e haverá no tempo próximo cativações orçamentais que afectam, muitas vezes de forma agressiva, serviços públicos. O povo, como habitualmente, satisfaz-se com alguns, poucos, euros no bolso e o conto de ciclo de vida entre bons e maus. Catarina, Jerónimo e o lado Galamba da coisa sabem que é no aparelho de Estado que se exerce verdadeiramente o poder (mesmo com equivalências académicas insuficientes) e essa é uma oportunidade que não querem perder. Mesmo quando legitimam em Centeno um poder semelhante ao de Ronaldo.
O país que sair da geringonça vai ser muito diferente daquele que foi evoluindo em regras de mercado, exigência na competitividade, meritocracia e responsabilidade. Vai estar financeiramente mais robusto, mas de novo dominado pelos interesses partidários na máquina do Estado, agora a multiplicar pelas forças políticas que têm nos últimos anos mandado no país. Depois dos anos de chumbo da troika, são anos de abundância para os lóbis da esquerda mais à esquerda e para a sua clientela.
O país vai demorar tempo, muito tempo, a regressar à normalidade.
A verdade é que depois dessa noite mágica, o diabo recuou aos confins do inferno e o país recuperou credibilidade nos mercados financeiros e políticos. A ponto de Mário Centeno, professor em trabalho, ter-se transformado, certamente com muito trabalho, num político arguto na divergência que habita os conselhos de ministros das Finanças da Europa. Vale o que vale Schäuble encontrar o seu Ronaldo, mas conta.
Este processo de evolução positiva – e em alguns pontos surpreendente – não residiu apenas numa intuição à Éder. Fez-se com peso político em Conselho de Ministros – obviamente com a cobertura do chefe do Governo – e autoridade perante a sofreguidão irresponsável dos parceiros de esquerda. Centeno vergou e domou o Partido Comunista e o Bloco com a cumplicidade reivindicativa de Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. No fundo, são eles, num registo que parece sempre paradoxal, os seus grandes aliados.
Eles sabem que o povo sabe que houve, há e haverá no tempo próximo cativações orçamentais que afectam, muitas vezes de forma agressiva, serviços públicos. O povo, como habitualmente, satisfaz-se com alguns, poucos, euros no bolso e o conto de ciclo de vida entre bons e maus. Catarina, Jerónimo e o lado Galamba da coisa sabem que é no aparelho de Estado que se exerce verdadeiramente o poder (mesmo com equivalências académicas insuficientes) e essa é uma oportunidade que não querem perder. Mesmo quando legitimam em Centeno um poder semelhante ao de Ronaldo.
O país que sair da geringonça vai ser muito diferente daquele que foi evoluindo em regras de mercado, exigência na competitividade, meritocracia e responsabilidade. Vai estar financeiramente mais robusto, mas de novo dominado pelos interesses partidários na máquina do Estado, agora a multiplicar pelas forças políticas que têm nos últimos anos mandado no país. Depois dos anos de chumbo da troika, são anos de abundância para os lóbis da esquerda mais à esquerda e para a sua clientela.
O país vai demorar tempo, muito tempo, a regressar à normalidade.
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