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Quem sabe não explica

Na imprensa especializada em partidos, existem explicações para a exoneração de Theias: as pressões internas; a véspera do Congresso; a necessidade de tirar um secretário de Estado ao Ministério para o conduzir a secretário-geral do Partido. ... A verdade

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Na imprensa especializada em partidos, existem explicações para a exoneração de Theias: as pressões internas; a véspera do Congresso; a necessidade de tirar um secretário de Estado ao Ministério para o conduzir a secretário-geral do Partido.

As fontes citadas pelo Expresso são todas «próximas do primeiro-ministro». As versões são atribuídas ao seu «núcleo mais próximo». Citam-se até ministros. Presume-se quais. As razões são, portanto, verosímeis.

Porém, totalmente absurdas. Cada uma pior que outra. Porque todas seguem o mesmo sentido: a confissão de incapacidade de Durão Barroso. Logo ele, que é das raras capacidades que ainda se reconhece a este Governo.

A verdade é que ninguém entende a exoneração do ministro do Ambiente. Quer dizer, da exoneração propriamente dita ninguém estranha ou protesta. Este ministro tinha de ir embora porque era um mau ministro.

Mas, a forma como ela aconteceu, obrigá-lo a vir de tirão de Viana de Castelo, a emergência da saída, a remodelação «late night» – nem Guterres se lembrou de uma modalidade destas? Um dia antes do Congresso, três dias depois de o homem ter arrancado a sua única vitória em Conselho de Ministros.

Tudo isto é muito estranho e torna muito suspeito o empurrão que atirou Theias porta fora.

Não pode ter sido para salvar o Congresso. Nem aquele ministro valia assim tanto. Nem o Congresso servia para coisa alguma – como, aliás, se confirmou. Foi, porventura, o mais inútil congresso partidário que até hoje tínhamos assistido.

Não pode ter sido pelos falados interesses económicos. A São Bento sempre chegaram queixas sobre Amílcar Theias. Só a poucos o primeiro-ministro respondia com uma confissão: «Ao menos este é sério; e naquele sector isso é muito importante».

Se fosse por uma cedência aos poderosos, a saída de Theias não significava que o primeiro-ministro se tinha equivocado sobre a seriedade do seu ministro. Era mais grave, porque queria dizer que se tinha arrependido.

Permanece a dúvida: sendo pelo Congresso, era uma medida exagerada para uma causa inútil; sendo pelo lobbies, era grave e escandaloso.

E, se a saída de supetão fosse por causa de Miguel Relvas, nem era inútil nem escandaloso: era ridículo. O Governo passava então a estar à altura do ministro que acaba de expulsar.

Repito: o deposto ministro do Ambiente tudo fez para se condenar à morte. Em todas as questões relevantes de ordenamento do território, desapareceu. Na discussão das cidades, nunca foi além da incapacidade. No único sector económico relevante que tinha em mãos, as águas, desfez, hesitou, perdeu tempo e, no exacto momento em que mandou qualquer coisa cá para fora, não teve sequer tempo de responder às perguntas.

Além disso, já não se relacionava com outros ministros, Ferreira Leite e Paulo Portas, com a sua equipa de secretários de Estado, estava desacreditado aos olhos dos empresários, abriu conflito com os administradores de empresas que dependiam de si.

Numa frase: Theias era um ministro incompatibilizado com o país. Numa pergunta – a mesma pergunta: e cadê os outros?

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