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04 de Junho de 2007 às 13:59

O velho leão fareja a presa

As ondas de choque do pós-OPA continuam. Na PT, depois dos ajustes de contas, o ambiente descomprimiu. A Telefonica ficará com a Vivo, enquanto a PT procura activamente novas oportunidades no Brasil, que lhe permitam salvar a face. Enquanto os candidatos

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Enquanto os candidatos se posicionam para a PTMultimedia, torna-se cada vez mais claro que a Caixa (que é como quem diz o Governo) vai desempenhar um papel fundamental qualquer que seja a solução.

Com as atenções centradas no "spin off" da PTM, ia passando despercebido o combate dentro da PT, com informações contraditórias sobre o papel que estará reservado a Zeinal Bava e como este se concilia com a liderança de Henrique Granadeiro.

Se a vida é difícil no grupo dos vencedores, imagine-se dentro dos vencidos.

O pós OPA é ainda mais traumático no BCP. A assembleia da semana passada representou uma derrota para o líder histórico do banco, mas o assunto não ficou resolvido. Jardim recuou porque percebeu que existia uma minoria de bloqueio mas ao fazê-lo tornou objectivamente impossível a clarificação. Além de que é bem possível de que continue a dispor de uma maioria de apoio entre os accionistas, para outras matérias ou até inclusivamente para as alterações aos estatutos.

Paulo Teixeira Pinto tem assim dificultada a tarefa de promover a renovação do CA, incluindo elementos da sua confiança na equipa que herdou.

No final da semana recebeu um apoio de peso, com a entrada da Sonangol, com quem está a negociar uma parceria no banco em Angola. Está encontrado o primeiro "cavaleiro branco" a que o presidente do BCP deita mão.

Mas há outros factores a ter em conta. A petrolífera , que é um dos pilares económicos do regime angolano, tem estado nos últimos anos alinhada com Américo Amorim.

O principal fundador do BCP, que não esconde que a saída do banco é a principal frustração na sua bem sucedida carreira de negócios, saiu em 1993 em guerra aberta contra Jardim Gonçalves. A gota de água de uma relação já tensa foi precisamente a proposta de blindagem dos estatutos a 10% do capital social.

Quando percebeu que não o conseguia demover e que a convivência entre os dois era impossível, Jardim tratou de encontrar comprador para a sua posição. Foi assim que o Central Hispano entrou no BCP e Américo Amorim saiu, amargurado mas financeiramente reconfortado.

A entrada da Sonangol pode representar apenas a concretização da parceria estratégica entre as duas empresas. Ou pode ser o início de uma tomada de posição por parte de Américo Amorim. Que apesar do investimento na Galp, tem condições para avançar sozinho, depois da reestruturação das participações da família e de ter alienado a Amorim Imobiliária. Convém estar atento nas próximas semanas a eventuais movimentos da Caixa Galicia, parceira de Amorim na Galp.

Não faltará quem ache no Governo que Amorim já levou a sua conta com a tomada de posição na Galp. Mas o ambiente de instabilidade no segundo maior banco nacional não pode deixar de preocupar as autoridades. Se as coisas continuarem por este caminho, o Governo ainda vai agradecer que alguém tome conta do BCP. E se for português tanto melhor.

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