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O sucesso chamado ... Mota

Jorge Coelho vai assumir esta semana a presidência da Mota-Engil, a maior empresa portuguesa de construção. A Mota, hoje liderada pela segunda geração do fundador, é um caso de sucesso, apesar de todas as criticas que se possam fazer. A sua história é fei

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Nesse caminho acumulou capital que investiu e investe em novos negócios e geografias. Quantos há que, com as mesmas vantagens, nunca souberam criar mais valor?

A história da Mota, - hoje contada nas primeiras páginas do Jornal de Negócios a marcar a entrada de Jorge Coelho para a liderança executiva do grupo -, é apoiada em mercados protegidos, um dos factos que tem merecido as maiores criticas, mesmo nos dias que correm. Quando nasceu em 1946, a empresa fundada por Manuel Mota rumou a Angola onde beneficiou de uma posição dominante até ao 25 de Abril de 1974. Uma das suas obras é o aeroporto de Luanda.

Mas quando deixou de dominar pela protecção dos poderes instalados não abandonou Angola. Enfrentou o risco. Ficou por lá, mesmo durante os períodos mais difíceis da guerra civil, e hoje está em melhores condições que os seus concorrentes para ganhar com a reconstrução angolana. Um investimento intangível que só agora poderá recuperar em grande parte.

Em Portugal é a maior empresa de construção, está nas concessões rodoviárias incluindo a que explora as pontes sobre o Tejo na zona de Lisboa, participa e aposta actualmente nos sectores das energias renováveis através da Martifer, entrou já no ambiente, um negócio que está a expandir, e domina na logística por via da Tertir. É um império que se estende pelo Leste e América do Sul, numa estratégia definida em 1995, quando Manuel Mota ainda vivia.

Expandir negócios exige talento e visão, - que o pai António teve e que o filho Manuel tem demonstrado possuir -, exige capital  e exige sorte, que pode ser construída com uma eficaz rede social. E a Mota nunca descurou este domínio. Hoje tem nos seus quadros Luís Parreirão e conta, a partir de agora, com um dos homens, Jorge Coelho, que conhece bem a importância de uma boa agenda. Socialistas em tempo de governo socialista.

É exactamente o pilar da rede social que mais críticas tem merecido à Mota e a Jorge Coelho. Criticas de difícil racionalização. Primeiro porque quem esteve na política e a deixou tem pleno direito a uma vida profissional que vai, naturalmente, aproveitar as vantagens acumuladas. Segundo porque qualquer empresa, mesmo a mesma pequena, só pode fazer negócios e criar valor se possuir uma boa rede de contactos, a via de conhecer a procura para o seu produto.

A defesa do interesse público, que não está a cargo da Mota nem hoje de Jorge Coelho, é o único aspecto que nos deve preocupar. Uma tarefa que cabe ao Governo e às instituições políticas. Empresas agressivas e competitivas, como todos desejamos para que o país enriqueça, dificultam a concretização das políticas que melhor servem o desenvolvimento do país.

Temos exemplos do domínio de interesses privados sobre interesse público na energia, nas telecomunicações e no turismo. Podemos ter esse exemplo com a Mota na zona ribeirinha de Lisboa, com o que se quer fazer em Alcântara e em Santa Apolónia. O que apenas revela a fragilidade dos governos. Impérios empresariais como a Mota são positivos para o país. Só farão mais mal que bem se o Estado não for de direito.

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