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20 de Fevereiro de 2012 às 10:09

Uma forma interessante de tirar partido do crescimento dos mercados emergentes

É opinião corrente que as economias emergentes, que abrangem mais de 70% da população mundial e apresentam uma classe média em ascensão

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O caso dos mercados emergentes
É opinião corrente que as economias emergentes, que abrangem mais de 70% da população mundial e apresentam uma classe média em ascensão, com um consequente aumento do rendimento, irão impulsionar a recuperação da economia global. Os investidores estão cada vez mais atentos a estas oportunidades de investimento em mercados emergentes. No entanto, a escolha de oportunidades de investimento não se limita aos mercados accionistas, pois os investidores poderão participar no crescimento dos mercados emergentes, investindo em obrigações de dívida pública e obrigações de empresas.


A dívida dos mercados emergentes mostra-se cada vez mais atractiva
Como o encargo da dívida pública desceu significativamente nos mercados emergentes, o rating de toda a dívida dos mercados emergentes - soberana, local e corporativa - tem vindo a melhorar, ajudando a atrair investimentos. Os três Índices de Mercados Emergentes da JP Morgan estão agora classificados como grau de investimento, ao passo que o rating médio da dívida soberana dos países desenvolvidos diminuiu.

A perspectiva de melhoria do crédito beneficiou de duas formas a dívida dos mercados emergentes. Em primeiro lugar, permitiu que os governos dos mercados emergentes, de uma forma crescente, contraíssem os seus empréstimos na divisa local, passando a poder exercer a opção de pagar a dívida através do aumento de impostos denominados nessa mesma divisa. Em segundo lugar, alargou o mercado, o que fez com que a dimensão do mercado da dívida local dos mercados emergentes passasse a ser superior à do mercado de alto rendimento dos Estados Unidos.


Avaliações atractivas, fortes fundamentos
Em 2012, é provável que os investidores se mostrem mais exigentes. Antes de emprestar dinheiro aos governos e às empresas, irão certamente rever e analisar com todo o cuidado os respectivos fundamentos económicos e escolher os que apresentarem contas consolidadas. Nos mercados desenvolvidos, continua o doloroso processo de desalavancagem. As taxas de crescimento serão insignificantes; na melhor das hipóteses, ficarão abaixo da tendência nos Estados Unidos e no Japão e é provável que apresentem períodos de baixa na Europa. Os decisores políticos irão manter as taxas de juro em mínimos históricos, para atenuar os efeitos das medidas de austeridade introduzidas pelos governos. Os rendimentos reais nos mercados desenvolvidos estão próximos dos mínimos históricos e, na maior parte dos casos, são negativos.

Nesta conjuntura de baixo rendimento, os investidores estão à procura de rendimento, mas mostram-se selectivos. Os mercados emergentes poderão beneficiar da situação e atrair investidores e capitais. As economias dos mercados emergentes não ficarão imunes à desaceleração do crescimento verificada nos mercados desenvolvidos, mas o seu crescimento não deixará de ser significativamente superior ao dos mercados desenvolvidos. Este ano, esperamos uma desaceleração do crescimento, que deverá apresentar uma taxa ligeiramente abaixo da tendência, prevendo a JP Morgan, para 2012, um crescimento 4,6% superior ao do ano passado nas economias de mercados emergentes, uma recessão moderada na Europa e um crescimento de 1,8% nos Estados Unidos.

É provável que as dificuldades se mantenham no primeiro trimestre de 2012, dado que a situação da dívida europeia irá continuar a agravar o risco de investimento. No entanto, a conjuntura mostrar-se-á mais favorável nos restantes meses do ano, devido à introdução de fortes medidas de carácter político e de incentivos económicos à escala mundial. Actualmente, a nossa pesquisa mostra que todos os sectores da dívida dos mercados emergentes apresentam baixo preço e estão avaliados de acordo com um cenário de fraco crescimento. Devido à injecção de liquidez proveniente tanto dos mercados desenvolvidos como dos emergentes, deverá verificar-se uma subida dos preços dos activos e uma redução dos spreads da dívida dos mercados emergentes. De acordo com as nossas previsões, os três sectores da dívida dos mercados emergentes apresentarão todos eles um bom desempenho neste cenário:


Dívida soberana
De acordo com as nossas previsões, o reequilíbrio irá continuar a provocar a entrada de capitais nos mercados de dívida soberana dos países emergentes, sobretudo no caso das dívidas soberanas com uma boa relação qualidade/preço, contas públicas consolidadas e políticas macroeconómicas credíveis. Enquanto as avaliações permanecerem atractivas no sector da dívida soberana, é improvável um cenário de restrição e desacoplamento. Por isso mesmo, prevemos que se mantenha a diferenciação das dívidas soberanas dos mercados emergentes ao longo de 2012. Por região, entendemos que a América Latina se mostrará mais favorável.


Dívida local:
De momento, a dívida dos mercados emergentes em divisa local parece interessante do ponto de vista de avaliação e posicionamento, mas o desempenho vai depender da percepção do mercado sobre a credibilidade da política dos bancos centrais dos mercados emergentes. A inflação global está em queda, mas a subjacente poderá manter-se, e o crescimento sofreu um abrandamento, o que poderá afectar as contas públicas. A diferenciação regional será importante, mostrando-se a América Latina e a Ásia prestes a ultrapassar a Europa Central.


Dívida corporativa:
As avaliações atingiram níveis muito atractivos, e os fundamentos continuam fortes no sector, dado que o sector empresarial dos mercados emergentes reduziu a alavancagem ao longo dos últimos três anos, reforçou as suas posições de liquidez e alargou os seus prazos de vencimento da dívida. Numa conjuntura caracterizada por baixo rendimento, os investidores vão achar particularmente atractivas as avaliações da dívida corporativa dos mercados emergentes, sobretudo quando comparada com as dívidas soberanas dos mercados emergentes e com o alto rendimento dos Estados Unidos.


Tirar proveito da dívida dos mercados emergentes em 2012
As oportunidades de investimento em dívida de mercados emergentes permanecem intactas, sustentadas por contas consolidadas e boas perspectivas de crescimento (de que resulta uma melhor capacidade de pagamento da dívida do que nos mercados desenvolvidos). As dificuldades sentidas em 2011 - com o Banco Central a aumentar as taxas para conter a inflação, e com fracas perspectivas de crescimento global - repercutem-se agora sobremaneira nas avaliações. Embora seja provável que os mercados emergentes continuem voláteis, devido à desalavancagem continuada, às medidas de austeridade fiscal e ao estímulo monetário, as baixas avaliações verificadas actualmente constituem um bom prenúncio e deverão atrair investidores em busca de rendimento e diversificação consolidada.



*Head of Sales da JPMorganAM para a Península Ibérica



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