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03 de Setembro de 2007 às 13:59

Uma estação nada “silly” ...

Os meses de verão de 2007 contrariaram definitivamente o tradicional estereótipo da “silly season”. Para não carregar muito a leitura resolvi respigar meia dúzia de tópicos que provam como estamos a viver meses muito intensos e nada propícios à calma da é

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Barragem do Baixo Sabor: finalmente luz verde

Em primeiro lugar as boas notícias. Mais de dez anos (ou mais provavelmente!) depois de se ter iniciado o lançamento do projecto e três anos depois do mesmo ter sido aprovado pelo Governo português surgiu a luz verde de Bruxelas que não deu razão à contestação dos ambientalistas fanáticos.

Espera-se, agora, que se torne mais fácil lançar um plano ambicioso de barragens em Portugal que aproveitar o potencial de energia da água. É, até hoje, a única solução baseada em fontes renováveis que assegura um fornecimento estável e sem “caviats” tecnológicos.

 Estranhamente é a única que muitos ambientalistas e defensores das energias renováveis pouco apoiam. Talvez que a ausência de subsídios e de regimes tarifários especialmente bondosos não permita atrair tantos defensores altruístas da causa ambiental!

Por outro lado, é escandaloso que estes processos possam arrastar-se durante tanto tempo nas malhas burocráticas de Estado e de Bruxelas.

Quando estive no Governo cheguei a ser confrontado com processos de pedido de licenciamento com mais de dez anos que se perdiam no emaranhando dos mil e um pareceres de mil uma entidades todas elas especializadas e todas elas pagas pelos impostos dos cidadãos.

Finalmente seria tempo de que quem se opõe e bloqueia sistematicamente iniciativas de desenvolvimento assumisse as suas responsabilidades quando, à luz da lei, as suas posições são reprovadas.

Sem querer fazer equivaler as situações, o caso mais recente de destruição ilegal de propriedade privada a pretexto de uma pretensa superioridade de conhecimento sobre os transgénicos- que de facto não é mais que um comportamento totalitário baseado no apelo ao medo irracional e na ignorância - mostra como é fundamental impor mecanismos de “accountability” para muitas organizações que pululam na esfera das designadas NGO’s e que não prestam contas nem materiais nem morais de muitos dos seus actos e muito menos da origem dos seus apoios financeiros.

Energia e ambiente: uma discussão em aberto

O verão morno e húmido em muitos países não tem ajudado muito aos catastrofistas do aquecimento global. Pior ainda, a NASA acaba de corrigir as suas sérias estatísticas da evolução da temperatura no século passado e afinal o ano mais quente foi 1934 e não 1998 ou 2006, o que põe de rastos um dos grandes argumentos sustentado na defesa da correlação automática entre os níveis de industrialização, as emissões de CO2 e o aquecimento do clima. Já anteriormente se tinha provado que o famoso “hockey stick” que o Painel das Nações Unidas utilizou para a defesa da teoria do aquecimento anormal do planeta se baseara em dados estatísticos corrompidos e  intencionalmente manipulados.

O que mais uma vez se prova é que a ciência não pode ser traficada para manipular a opinião pública e o determinismo pseudo cientifico dos alarmistas é acima de tudo baseado em meias verdades e dogmas não provados.

Espero pois, que de facto, se lance um debate sério e sereno, sem dogmatismos, sobre esta temática e que, acima de tudo, se alimente a discussão de todas as perspectivas sobre o problema, sem censuras ou perseguições inquisitoriais de todos os que não professem a religião dos eco-alarmistas.

Poupança energética a sério ou só para a televisão?

Também a problemática das renováveis e da poupança energética está sobre discussão cada vez maior.

Basta ver como, em total oposição ao discurso politicamente correcto da redução do consumo energético e da substituição das lâmpadas incandescentes, a Comissão europeia ainda admite manter tarifas aduaneiras de 66% (66%!!!) sobre as lâmpadas de baixo consumo importadas da China. É por estas e por outras do mesmo calibre que o discurso europeu depois perde enorme credibilidade.

É também o caso das políticas de promoção dos biocombustíveis que ameaçam inflacionar o preço das principais mercadorias da cadeia alimentar sem que, ao menos, se acabe com as enormes barreiras proteccionistas que a Política Agrícola Comum continua a conservar.

Crise ou crash nos mercados financeiros

Esta não tem sido nada a “silly season” para os operadores dos mercados financeiros e todos os investidores. A exuberância financeira dos últimos anos está agora a ter as suas correcções.

Embora por vezes se esqueça, nunca são sustentáveis, por muito tempo, taxas anuais de valorização dos activos (quaisquer que eles sejam) superiores a 20%.

Não se conhece a verdadeira dimensão dos problemas de crédito e de investimento que podem resultar do actual ajustamento. Mas, tal como na natureza, é melhor um ajustamento de forças por pequenos sismos do que através de um cataclismo.

Esperemos que assim seja até por que as economias mundiais continuam a revelar performances muito positivas e as empresas a apresentar resultados favoráveis e com balanços financeiramente saudáveis.

Aqui, como no ambiente, o que não se pode esquecer é que não existem modelos matemáticos e científicos perfeitos que eliminem a incerteza e o risco.

O homem, felizmente, não consegue prever o futuro e por isso deve ser humilde e nunca esquecer que a realidade pode sempre evoluir num padrão que não conseguimos antecipar na totalidade.

O pior que poderia acontecer - como aparece sempre gente a defender nestas situações - é que a pretexto desta crise se voltasse a um intervencionismo excessivo e regulatório que inibisse o funcionamento das forças de mercado em que cada um é livre de tomar as suas decisões e, por consequência, assume o risco inerente incluindo o da perda dos seus investimentos.

Como disse no início, esta esteve longe de ser uma “silly season” e os próximos tempos prometem ser intensos em todas frentes.

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