Opinião
Uma esperança de mudança?
Os resultados eleitorais, em França e na Grécia, devem implicar alterações na política europeia.
Os resultados eleitorais, em França e na Grécia, devem implicar alterações na política europeia. Porque, inequivocamente, o que foi derrotado em ambos os países foi a estratégia política da submissão aos "mercados" e da austeridade a todo o preço, à custa dos cidadãos e da economia e em proveito do sistema financeiro.
Particularmente expressivo na Grécia, o primeiro país submetido à ditadura da troika, onde o bloco central de apoio aos programas de resgate perdeu 60% do seu peso eleitoral. Ignorar tão enérgica manifestação de vontade do povo grego seria uma total irresponsabilidade dos governantes europeus.
Mas também em França. Um primeiro e importante significado da vitória de François Hollande foi o de pôr termo ao tandem Merkozy, à dupla Dupont e Dupont que tem imposto a austeridade em toda a União e a rota no sentido do desastre. E, é evidente que esse facto e as suas afirmações de que a austeridade não é inevitável surgem como a expectativa de uma luz ao longe.
Mas confesso que é reduzida a minha esperança de que Hollande tenha a coragem de afrontar os interesses financeiros e a ortodoxia de Merkel. É um mau sinal Hollande parecer já ter passado da posição de renegociação do tratado orçamental para a de aceitar a sua ratificação complementando-o com uma adenda sobre o crescimento. É um sofisma porque o tratado orçamental impõe austeridade permanente e ilimitada, não deixando espaço nem condições para o crescimento e o desenvolvimento.
Esperemos que não vá por aí, que não capitule e não se limite a substituir a aliança Merkozy pela Merkollande. Porque os resultados eleitorais, em França e na Grécia, mostram também que a via da austeridade bruta alimenta perigosamente a extrema-direita racista, xenófoba e nazi.
Economista e ex-deputado do PCP
Particularmente expressivo na Grécia, o primeiro país submetido à ditadura da troika, onde o bloco central de apoio aos programas de resgate perdeu 60% do seu peso eleitoral. Ignorar tão enérgica manifestação de vontade do povo grego seria uma total irresponsabilidade dos governantes europeus.
Mas confesso que é reduzida a minha esperança de que Hollande tenha a coragem de afrontar os interesses financeiros e a ortodoxia de Merkel. É um mau sinal Hollande parecer já ter passado da posição de renegociação do tratado orçamental para a de aceitar a sua ratificação complementando-o com uma adenda sobre o crescimento. É um sofisma porque o tratado orçamental impõe austeridade permanente e ilimitada, não deixando espaço nem condições para o crescimento e o desenvolvimento.
Esperemos que não vá por aí, que não capitule e não se limite a substituir a aliança Merkozy pela Merkollande. Porque os resultados eleitorais, em França e na Grécia, mostram também que a via da austeridade bruta alimenta perigosamente a extrema-direita racista, xenófoba e nazi.
Economista e ex-deputado do PCP
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