Opinião
Ban Ki-moon - Ban Ki-moon, vice-presidente do The Elders, foi secretário-geral das Nações Unidas de 2007 a 2016. Antes, foi ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul.
© Project Syndicate, 2008. www.project-syndicate.org
01 de Junho de 2009 às 11:41
Sustentabilidade é sinónimo de prosperidade
Actualmente, a sustentabilidade tornou-se a base de quase todo o pensamento económico. É, essencial, não só para a recuperação económica presente mas também para garantir a paz e segurança futura. É necessário incluir...
Actualmente, a sustentabilidade tornou-se a base de quase todo o pensamento económico. É, essencial, não só para a recuperação económica presente mas também para garantir a paz e segurança futura.
É necessário incluir a sustentabilidade no nosso pensamento porque, como sociedade global, estamos a assumir muitos riscos. Nos últimos dois anos aconteceram muitas crises: energia, alimentação, alterações climáticas e recessão global. Receio que o pior ainda não tenha chegado. Na verdade, se actual crise económica não for gerida da melhor forma pode levar a uma crise política à escala global - caracterizada por tensões sociais, governos fracos e povos irritados que perderam a fé nos seus líderes e no futuro.
Além disso, estamos a entrar numa era de austeridade. Enfrentamos mais problemas com menos recursos. Os orçamentos nacionais diminuíram. Os programas de ajuda estão a ser restringidos. As contribuições voluntárias estão a diminuir.
Contudo, existe uma terceira realidade, que nos dá motivos para estar optimistas. Os desafios que enfrentamos estão interligados. Se actuarmos com inteligência, identificarmos e utilizarmos as interligações entre estes problemas, as soluções de cada problema podem ser as soluções para todos. Podemos tirar mais proveito de cada dólar, peso ou real e encontrar caminhos efectivos, eficientes e duradouros para um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero.
Na recente cimeira do G20 em Londres, os líderes mundiais reconheceram, explicitamente, estas ligações. Chegaram a acordo sobre um estímulo global do interesse de todos os países e não só de alguns. Declararam que são contra o proteccionismo e reconheceram que os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas como um motor para o desenvolvimento, o crescimento e a criação de empregos de qualidade em todo o mundo.
Deram um grande passo no sentido de um "New Deal Verde" e prometeram chegar a acordo na conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas de Copenhaga em Dezembro.
Esta questão é vital. Vi os glaciares da Antártida e dos Andes diminuírem. Vi os efeitos da desflorestação na Amazónia e a perda da biodiversidade. A própria existência de alguns países das Caraíbas, incluindo partes de Trinidad e Tobago, pode estar ameaçada se o nível dos mares subir.
Mas é necessária uma liderança audaz e visionária para obter um sucessor do Protocolo de Quioto em Copenhaga este ano. O acordo deve ser ambicioso, efectivo e justo, oferecendo aos países mais ricos uma forma de reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa, e ajudando os países mais pobres a adaptarem-se aos impactos adversos das alterações climáticas.
Precisamos de proteger as populações vulneráveis, incluindo os povos indígenas e precisamos de incentivos financeiros para preservar as florestas e os meios de subsistência dos que delas dependem. Ao enfrentar as alterações climáticas, também lidamos com a crise económica - empregos verdes para um crescimento verde.
Todos nós vemos ligações entre o crescimento económico e a estabilidade política, democracia e direitos humanos. Para mim, como Secretário-Geral das Nações Unidas, a segurança económica e social colectiva é o princípio elementar de justiça - de justiça social global. Mas para alcançar este objectivo, devemos pensar e trabalhar para que a agenda da sustentabilidade seja o que deve ser: uma agenda de prosperidade.
As oportunidades para o fazer vão surgir na reunião do G8 em Julho, em Itália, e na cimeira das alterações climáticas nas Nações Unidas em Setembro. Da minha parte, comprometo-me a reunir as Nações Unidas de forma coordenada, determinada e inovadora para realizar esta agenda.
Vamos criar um mecanismo para coordenar novos financiamentos para a segurança alimentar para ajudar as nações mais vulneráveis a enfrentar a tempestade. Apoiaremos o Pacto Global do Emprego - uma estratégia de recuperação para satisfazer as necessidades básicas das pessoas por um emprego decente. E lançaremos um Alerta de Vulnerabilidade Global, que irá reunir informação em tempo real sobre os efeitos sociais da crise económica em todo o mundo.
No fim de contas, a solidariedade e as causas comuns devem ser a nossa maior força.
Actualmente, temos perante nós uma oportunidade para reinventar a forma como nós, enquanto países, trabalhamos juntos para dar soluções aos nossos problemas colectivos. De facto, os tempos exigem um novo multilateralismo como a base de uma nova e sustentável prosperidade para todos.
É necessário incluir a sustentabilidade no nosso pensamento porque, como sociedade global, estamos a assumir muitos riscos. Nos últimos dois anos aconteceram muitas crises: energia, alimentação, alterações climáticas e recessão global. Receio que o pior ainda não tenha chegado. Na verdade, se actual crise económica não for gerida da melhor forma pode levar a uma crise política à escala global - caracterizada por tensões sociais, governos fracos e povos irritados que perderam a fé nos seus líderes e no futuro.
Contudo, existe uma terceira realidade, que nos dá motivos para estar optimistas. Os desafios que enfrentamos estão interligados. Se actuarmos com inteligência, identificarmos e utilizarmos as interligações entre estes problemas, as soluções de cada problema podem ser as soluções para todos. Podemos tirar mais proveito de cada dólar, peso ou real e encontrar caminhos efectivos, eficientes e duradouros para um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero.
Na recente cimeira do G20 em Londres, os líderes mundiais reconheceram, explicitamente, estas ligações. Chegaram a acordo sobre um estímulo global do interesse de todos os países e não só de alguns. Declararam que são contra o proteccionismo e reconheceram que os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas como um motor para o desenvolvimento, o crescimento e a criação de empregos de qualidade em todo o mundo.
Deram um grande passo no sentido de um "New Deal Verde" e prometeram chegar a acordo na conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas de Copenhaga em Dezembro.
Esta questão é vital. Vi os glaciares da Antártida e dos Andes diminuírem. Vi os efeitos da desflorestação na Amazónia e a perda da biodiversidade. A própria existência de alguns países das Caraíbas, incluindo partes de Trinidad e Tobago, pode estar ameaçada se o nível dos mares subir.
Mas é necessária uma liderança audaz e visionária para obter um sucessor do Protocolo de Quioto em Copenhaga este ano. O acordo deve ser ambicioso, efectivo e justo, oferecendo aos países mais ricos uma forma de reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa, e ajudando os países mais pobres a adaptarem-se aos impactos adversos das alterações climáticas.
Precisamos de proteger as populações vulneráveis, incluindo os povos indígenas e precisamos de incentivos financeiros para preservar as florestas e os meios de subsistência dos que delas dependem. Ao enfrentar as alterações climáticas, também lidamos com a crise económica - empregos verdes para um crescimento verde.
Todos nós vemos ligações entre o crescimento económico e a estabilidade política, democracia e direitos humanos. Para mim, como Secretário-Geral das Nações Unidas, a segurança económica e social colectiva é o princípio elementar de justiça - de justiça social global. Mas para alcançar este objectivo, devemos pensar e trabalhar para que a agenda da sustentabilidade seja o que deve ser: uma agenda de prosperidade.
As oportunidades para o fazer vão surgir na reunião do G8 em Julho, em Itália, e na cimeira das alterações climáticas nas Nações Unidas em Setembro. Da minha parte, comprometo-me a reunir as Nações Unidas de forma coordenada, determinada e inovadora para realizar esta agenda.
Vamos criar um mecanismo para coordenar novos financiamentos para a segurança alimentar para ajudar as nações mais vulneráveis a enfrentar a tempestade. Apoiaremos o Pacto Global do Emprego - uma estratégia de recuperação para satisfazer as necessidades básicas das pessoas por um emprego decente. E lançaremos um Alerta de Vulnerabilidade Global, que irá reunir informação em tempo real sobre os efeitos sociais da crise económica em todo o mundo.
No fim de contas, a solidariedade e as causas comuns devem ser a nossa maior força.
Actualmente, temos perante nós uma oportunidade para reinventar a forma como nós, enquanto países, trabalhamos juntos para dar soluções aos nossos problemas colectivos. De facto, os tempos exigem um novo multilateralismo como a base de uma nova e sustentável prosperidade para todos.
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