Quis o fado que os melhores pensadores políticos do Partido Socialista tirassem a conclusão que Sousa Franco é o melhor. O melhor para liderar a esquerda portuguesa na grande salsada que é o Parlamento europeu.

O melhor cabeça de lista para enfrentar a coligação PSD-PP e derrotá-la no terreno onde o Governo tem marcado mais pontos. O das Finanças Públicas. O mais capaz para reduzir ao ridículo a política de Manuela Ferreira Leite.

O mais dotado para mobilizar as novas gerações de eleitores, entusiasmar os militantes socialistas, devolver ao PS a energia perdida e transformar as eleições europeias numa espécie de referendo sobre a política interna portuguesa.

Disto tudo julga o PS que Sousa Franco é capaz!

Mas, sem pôr em dúvida a inteligência socialista, a nomeação do ex-ministro das Finanças de António Guterres é muito mais parecida com as candidaturas de Octávio Pato, Carlos Brito, Ângelo Veloso ou Jerónimo de Sousa à Presidência da República do que com um projecto político que se apresente ao país.

Com uma desvantagem acrescida: Sousa Franco nem para mobilizar os militantes socialistas tem préstimo. Almeida Santos, que aqui há uns anos foi candidato a primeiro-ministro pelo PS contra Cavaco Silva, foi ao tempo uma aposta bem mais coerente.

E mesmo assim pisou o caminho do ridículo com uma campanha eleitoral em que garantia aos portugueses a vitória (quando toda a gente estava a ver que não).

Quer isto também dizer que o PS não aprendeu nada com a derrota eleitoral da sua fénix renascida, Fernando Gomes, nas autárquicas do Porto de 2001. Nem aprendeu nada com a derrota de João Soares para a Lisboa das mesmas eleições.

Toda a gente se lembra que João Soares foi buscar os velhos para rejuvenescer a sua lista enquanto Santana Lopes se rodeava de gente de quarenta anos transmitindo alguma energia positiva que lhe rendeu a vitória.