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Setor confiante: 2024 poderá ser mais um ano recorde para o turismo em Portugal

Tudo indica, e nada aconteça em termos geopolíticos com impacto direto em Portugal, que será um ano idêntico a 2023, se não ligeiramente superior. O "on-the-books" para o Verão, conforme comentado por todos, está bastante saudável e já muito perto dos valores conseguidos no ano passado. Não esquecendo, claro está, que 2023 foi um ano recorde, pelo que as perspetivas para 2024 são, na verdade, extraordinárias.

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Vindo recentemente da IHIF (International Hospitality Investment Forum), escrevo este artigo imbuído da positividade vivida em Berlim ao longo de uma semana. Apesar de não existirem estatísticas ou projeções oficiais, o contacto que temos com os operadores presentes no nosso mercado e no sul da Europa, leva-nos a estar bastante positivos com respeito à performance do setor hoteleiro em Portugal neste ano.

 

Aliás, num dos últimos estudos realizados pela CBRE, Portugal surge como o 7º país da Europa mais atrativo para investir em hotelaria, num ranking liderado por Espanha, demonstrando um grande potencial, tanto pela diversidade de destinos oferecidos (short city break em Lisboa e Porto; praia no Algarve e Comporta; natureza na Madeira, Açores e Alentejo), quanto pela qualidade do serviço.

 

Tudo indica, e nada aconteça em termos geopolíticos com impacto direto em Portugal, que será um ano idêntico a 2023, se não ligeiramente superior. O "on-the-books" para o Verão, conforme comentado por todos, está bastante saudável e já muito perto dos valores conseguidos no ano passado. Não esquecendo, claro está, que 2023 foi um ano recorde, pelo que as perspetivas para 2024 são, na verdade, extraordinárias.

  

A contribuir para a boa performance do setor estão vários fatores combinados: (1) a inflação baixou e parece estar finalmente sob controlo; (2) sinalização de um primeiro corte das taxas de juro em meados deste ano; (3) rendimento disponível a aumentar durante o ano de 2024; (4) alguma recuperação económica na Europa, embora ainda modesta para os números históricos; (5) maior propensão para gastar em viagens e turismo por parte das famílias, o que tem sido marcadamente uma tendência pós-Covid. Esta tendência verifica-se de forma mais ou menos transversal aos outros países do sul do da Europa.

 

É expectável que esta performance se estenda a todo o território nacional. Ainda assim, historicamente, o principal destino nacional nos meses de Verão continua a ser o Algarve, para onde famílias portuguesas e estrangeiras rumam durante as tradicionais pausas escolares. Em 2023, o Algarve teve mais de 8M de dormidas entre Junho e Agosto, o que significa que estes 3 meses representaram 40% das dormidas totais da região e 50% dos proveitos totais. Em segundo lugar vem a região da Grande Lisboa, com quase 5,5M de dormidas, mas ainda assim longe do destino estrela.

 

Relativamente a outras regiões, apesar do enorme interesse que existe na região da Comporta, a oferta efetivamente disponível continua a ser escassa. O Douro padece da mesma dificuldade, mas são destinos que começam a surgir como primeira opção para muitos turistas.

 

A maior pressão por parte da procura no Algarve tem resultado em fortes crescimentos de preço nos meses de Verão. A título de exemplo, os hotéis 5-estrelas no Algarve chegam a atingir uma média mensal de 338€ por noite em Agosto, que compara com 257€ em Lisboa, ou 202€ na região Norte (dados de 2023).

 

Uma outra tendência que é incontornável é a procura por experiências. Naturalmente que a sua relevância como fator de decisão depende do propósito da viagem, mas é cada vez mais um dos principais drivers de escolha. Quando em lazer, a experiência é um fator absolutamente crítico no momento da decisão. A capacidade de verdadeiramente viver o destino é o que motiva muitos de nós a viajar nos dias que correm.

 

Por fim, apesar da boa performance expectável, continuam a existir desafios, nomeadamente nos meses de Verão. Como nos últimos anos, a capacidade de atrair pessoal qualificado continua a ser apontada como uma das principais dificuldades. Este tópico é cada vez mais relevante, uma vez que existe uma correlação muito direta com a qualidade do serviço, e isto num ambiente de aumento de oferta qualificada no nosso país. A preocupação em torno das tensões geopolíticas é também referida por muitos como fator de preocupação.

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